Tem jovens e idosos de todos os matizes políticos e ideológicos. Mas, embora os dois grupos se localizem em extremos da pirâmide etária, estiveram juntos pela Democracia.
O peso do eleitorado idoso é cada vez maior no Brasil e tem crescido o interesse na evolução das tendências geracionais nos diversos pleitos. Em geral, o pensamento convencional diz que os jovens são proporcionalmente mais progressistas e os idosos proporcionalmente mais conservadores nos assuntos políticos. Por exemplo, nas eleições presidenciais de 2018, Fernando Haddad – representando a esquerda – teve um desempenho melhor na intenção de voto entre os jovens e Jair Bolsonaro – representando a direita – teve uma melhor performance proporcional entre os idosos.
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Nas eleições de 2022 o eleitorado brasileiro foi composto de 156,5 milhões de eleitores, sendo 21,5 milhões de jovens de 16 a 24 anos (representando 13,7% do eleitorado total) e 32,9 milhões de idosos de 60 anos e mais de idade (representando 21% do eleitorado total), segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É claro que tem jovens e idosos de todos os matizes políticos e ideológicos. Mas, embora os dois grupos se localizem em extremos da pirâmide etária, no mês passado, eles estiveram juntos no sufrágio ao candidato da esquerda.
Os gráficos abaixo apresentam as intenções de voto dos jovens (16 a 24 anos) e dos idosos (60 anos e mais) no segundo turno das eleições presidenciais. Nota-se que em ambos os grupos o ex-presidente Lula ficou na frente, mas com uma diferença maior entre os jovens em relação ao presidente Bolsonaro. A última pesquisa Datafolha (de 29/10) indicou, em termos de votos totais, 53% para Lula e 39% para Bolsonaro entre os jovens e 48% a 45% entre os idosos. Em termos de votos válidos foram 58% x 42% entre os jovens e 52% x 48% entre os idosos.
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o número de votos válidos, no segundo turno das eleições presidenciais, foi de 118,2 milhões de votos. Como os jovens são 13,7% e os idosos são 21% do eleitorado, podemos estimar a quantidade de votos que cada candidato teve entre os dois grupos etários, de acordo com as intenções de voto da última pesquisa Datafolha. Assim, entre os jovens (16 a 24 anos) Lula teve cerca de 9,3 milhões de votos e Bolsonaro teve 6,9 milhões de votos e, entre os idosos (de 60 anos e mais), Lula teve cerca de 12,8 milhões de votos e Bolsonaro teve 12,0 milhões de votos.
É comum caracterizar a juventude como tendo um espírito participativo, contestatório, esquerdista e até revolucionário, enquanto aos idosos são atribuídas posturas conservadoras, tradicionalistas e posicionamentos mais à direita no espectro político. Mas os dados do sufrágio presidencial, em setembro de 2022, não confirmam estes estereótipos da cultura popular, especialmente aquele ditado que diz: “Uma pessoa jovem sem simpatia pelos ideais de esquerda não tem coração e uma pessoa idosa que continua simpática aos ideais de esquerda não tem razão”.
Em todas as pesquisas de opinião pública realizadas no Brasil em setembro, tanto os jovens, quanto os idosos votaram majoritariamente no candidato da esquerda. O ex-presidente Lula teve maior diferença em relação ao concorrente entre os jovens. Mas teve um maior valor absoluto entre os idosos. Portanto, as eleições de 2022 não referendaram as posturas etaristas e nem a propagação de visões geracionais preconceituosas. O fato é que os jovens e os idosos se uniram para garantir a vitória de Lula em 30 de outubro de 2022.
Referência
ALVES, JED. O eleitorado sem religião foi o fiel da balança da vitória de Lula, Ecodebate, 31/10/2022. https://www.ecodebate.com.br/2022/10/31/o-eleitorado-sem-religiao-foi-o-fiel-da-balanca-da-vitoria-de-lula/
Foto destaque de Element5 Digital/pexels