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Orientações sobre a comunicação com as pessoas com demências

mulher jovem negra e idoso negro conversando

Desenvolver estratégias de comunicação é fundamental para a qualidade de vida e o bem-estar emocional das pessoas.


Laydiane Alves Costa e Thais Bento Lima da Silva (*)

A comunicação com indivíduos com quadros da doença de Alzheimer e outras demências é um desafio que exige sensibilidade e adaptação por parte dos cuidadores. A deterioração progressiva das funções cognitivas e da memória impacta diretamente a capacidade de compreensão e expressão verbal das pessoas. Portanto, desenvolver estratégias eficazes de comunicação é fundamental para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar emocional dessas pessoas.

Primeiramente, é essencial que os cuidadores utilizem uma abordagem comunicativa que seja calma, clara e concisa. Falar devagar e de maneira articulada pode ajudar a minimizar a confusão e aumentar a compreensão. Além disso, é recomendável utilizar frases curtas e diretas, evitando a sobrecarga de informações que possam causar ansiedade ou frustração nas pessoas com demência.

Apesar da complexidade existem algumas estratégias que podem facilitar o processo:

Fale devagar e seja paciente

– Utilize um tom de voz moderado e fique na mesma altura da pessoa, olhando nos olhos.

– Evite falar depressa; o ritmo mais lento ajuda na compreensão.

Utilize frases curtas e diretas

– Frases curtas são mais fáceis de entender. Repita as informações quantas vezes forem necessárias.

– Faça uma pergunta de cada vez para não sobrecarregar a pessoa.

Atenção à comunicação não verbal

– O tom de voz, os gestos, e expressões faciais são tão importantes quanto as palavras.

– Utilize toques suaves, carinhos e olhares para expressar afeto e segurança.

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Evite confrontos e discussões

– Não corrija ou desafie a pessoa. Ao invés disso, redirecione a conversa ou mude de assunto se necessário.

– Nunca faça piadas ou brinque com o esquecimento da pessoa.

Identifique-se e não infantilize

– Sempre garanta que a pessoa saiba com quem está falando. Se necessário, apresente-se no início da conversa.

– Trate a pessoa com respeito, evitando infantilizá-la.

Outro aspecto importante é a maneira como os cuidadores lidam com a realidade das pessoas com demência. Entrar em confronto ou corrigir constantemente a pessoa pode ser contraproducente, resultando em agitação e resistência. Em vez disso, é aconselhável redirecionar a conversa de forma suave e evitar discussões que possam desencadear reações negativas.

Ademais, tratar a pessoa com dignidade e reconhecer sua individualidade, apesar das limitações cognitivas, é fundamental para preservar sua autoestima e dignidade. Finalmente, a paciência e a empatia são virtudes indispensáveis para os cuidadores, que devem estar preparados para adaptar suas abordagens conforme necessário, respeitando o ritmo e as necessidades da pessoa com demência.​

Referências
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Orientações para cuidadores. Belo Horizonte: ANCC HC-UFMG, 2021. Disponível em: <arquivo pessoal>. Acesso em: 27 ago. 2024.
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Manual para cuidadores da Doença de Alzheimer. São Paulo: SBGG, 2022. Disponível em: <arquivo pessoal>. Acesso em: 27 ago. 2024.

(*) Laydiane Alves Costa Gerontóloga pela Universidade de São Paulo (USP), Especialista em Neurociências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo (GETEC). Assessora científica do projeto de pesquisa de validação do Método SUPERA.
Thais Bento Lima da Silva -Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.

Foto de Kampus Production/pexels.


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