O OHUNDAN, ou simplesmente OHD, cujas iniciais em coreano, remetem a um significado cristão de “Espaço de Formação de Idosos para Assemelhar-se a Cristo” -, foi criado em sinal de gratidão e respeito pelo esforço e dedicação dos primeiros imigrantes coreanos que chegaram ao país, na corrente migratória intensificada no final dos anos 70. Atualmente estima-se que existam cerca de 50 mil coreanos e descendentes no Brasil, sendo 92% no estado de São Paulo, fixando-se sobretudo nos bairros da Aclimação, Liberdade e no Bom Retiro.
Alessandra Anselmi / Texto e Fotos
Concebida para congregar em um só lugar os descendentes idosos que pela dificuldade do idioma não encontram na cidade opções de locais de sociabilização, a entidade, uma associação civil sem fins lucrativos de natureza filantrópica, é empenhada em quebrar mitos e paradigmas da pessoa idosa, resgatando a autoestima através da socialização e a formação de uma rede de suporte social. Os projetos da associação são destinados aos usuários de forma gratuita e mantida por doações; na programação há atividades lúdicas, palestras, ações de saúde, eventos recreativos, atividades optativas, culturais, ginástica, dança e gateball entre outras.
Diversos convidados entre empresas parceiras, voluntários, usuários, familiares e representantes da ONG estiveram presentes ao evento comemorativo na Oficina Cultural Oswald de Andrade no último dia 24 de novembro. O evento foi realizado na língua de origem dos idosos, em coreano e, para viabilização da cobertura da solenidade, o Portal do Envelhecimento contou com a tradução da gerontologista Beth Hong e da voluntária Ana Oh.
O Pastor Yo Hwan Kim da Igreja Presbiteriana Yonhap e, idealizador do OHD fez a abertura da solenidade, levando uma mensagem de paz e agradecimento pelo envolvimento de todos para a construção desse dia e dos 10 anos.
Na ocasião, os convidados puderam participar das atividades interativas intergeracionais, divididas pelas várias salas temáticas que incluíram oficinas deorigami, caligrafia oriental, artesanato, pinturas e jogos folclóricos.
O evento contou com a exposição das obras, artesanatos e telas dos usuários e uma grande exposição de fotos das atividades desenvolvidas pelos idosos do OHD.
Foi disponibilizado pela Federação de Gateball um mini campo para que os convidados pudessem aprender a jogar e perceber os diversos benefícios proporcionados para a saúde de modo holístico através do esporte e, uma sala com cenários fotográficos, onde puderam registrar a integração e a intergeracionalidade presentes nas famílias, além de levar uma lembrança do evento.
Houve ainda apresentação de Dança Folclórica, ginástica e a apresentação da Soprano Nare Kim e do Tenor Daniel Lee, bem como dos corais: coral OHD, Coral Glória e Coral Eliel.
Ao final do evento, diversos brindes voltados para a Terceira Idade, doados por empresas privadas parceiras foram sorteados.
Segundo Beth Hee Jeung Hong, diretora de planejamento do OHD (na foto ao lado com o Professor Fauze Saadi, coordenador acadêmico do curso de Extensão Universidade Aberta à Maturidade da PUC-SP): “o evento é um importante marco que ficará na memória dos idosos, fazendo com que se fortaleça o protagonismo deste idoso, ressignificando e valorizando suas vidas e seus dons inatos, adormecidos por falta de oportunidades. Esse é aliás, o propósito do OHD; criar ações que tragam a Terceira Idade para o cenário da visibilidade social, resgatando sua autoestima, interesse pela educação continuada e valorização do autocuidado para uma longevidade saudável física, emocional, social e, principalmente, o resgate da sua dignidade”.
Depoimentos:
Aline Cho, 20 anos, voluntária da igreja presbiteriana e estudante do terceiro ano de medicina da USP. Para a descendente coreana que estava ajudando voluntariamente na montagem e execução da festa: “o evento é uma oportunidade maravilhosa; que todos possam conhecer mais as atividades da ONG e os trabalhos que os idosos desenvolvem lá, além de promover também um encontro muito rico entre idosos e crianças, como podemos ver através dessas oficinas com as atividades interativas”.
Rosa Choi, 73 anos (na direita da foto ao lado da amiga Sun Hi Kim, a esquerda) frequenta o OHD há seis anos: “estou muito contente e há dias, na expectativa esperando por esse dia tão especial, porque as atividades desenvolvidas na associação são ótimas para pessoas da nossa idade.
Sun Hi Kim, 75 anos, usuária do OHD há 8 anos: “estou muito contente e agradecida por existir o OHD porque a associação faz o trabalho voltado para a terceira idade que não existe em outro local justamente pela dificuldade do idioma. Aqui, nós coreanos temos a possibilidade de estar em comunidade junto com outros idosos, e isso é algo muito prazeroso”.
Wanda D´Amato 83 anos (na direita da foto ao lado com a amiga Lela Saadi, 83 anos) que trabalha com viagens para grupos de idosos): “um evento como esse que comemora a existência da instituição é muito importante, afinal se não fosse por ela o que esses idosos estariam fazendo agora e que outro lugar poderia proporcionar a esses imigrantes coreanos que não falam português o envolvimento tão rico como o OHD é capaz de proporcionar a eles”.
Para saber mais do OHUNDAN – OHD, entrar em contato pelo e-mail: [email protected]