Uma moradia apropriada para quem planeja uma velhice bem-sucedida será, sempre, a sensação de liberdade de manter perto de si quem e o que de fato vale a pena.
Ao analisarmos as alternativas existentes para morar na velhice, prevalecem as soluções para pessoas idosas que necessitam de cuidados, sejam relacionados a declínios físicos e/ou cognitivos ou em função de comorbidades que tornam mais graves os riscos de fragilidade. Portanto, para pessoas que apresentam limitações que exijam cuidados profissionais ou que não possuam suporte familiar dedicado.
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Geralmente, a preferência de permanecer na própria casa, considerando a familiaridade com seus pertences e lugares, leva a considerar que não haverá riscos de quedas ou outras intercorrências. Ocorre que há mudanças nos arranjos familiares, transformando os usos nos ambientes do imóvel e criando novas necessidades, que tornam móveis e objetos ociosos ou inúteis. Além disso, as atividades profissionais definem rotinas que podem exigir a inserção de novos, até mesmo considerando as preferências em atividades nos momentos de lazer em casa.
Conforme as inovações tecnológicas oferecem recursos para aumento do conforto e da segurança, ainda mais necessária a definição do que realmente é útil e importante para o bem-estar do morador. Pessoas que praticam esportes podem mudar o ritmo das suas atividades, mas não desistem do que apreciam quando a idade avança. Encontros familiares podem ser mantidos sem necessariamente exigir espaços próprios a serem compartilhados com várias gerações.
Aqueles que apreciam um bom vinho na companhia de amigos mantêm seus encontros, criando estratégias em diferentes horários ou na forma dos deslocamentos, sempre investindo no seu desejo de interagir com seus pares. Se o declínio dos sentidos ou pequenas limitações passarem a inibir essas atividades, a tendência será a de manter-se em casa, num processo lento e crescente de solidão.
Assim, as decisões e o planejamento de como morar na velhice, atendendo desejos e necessidades do morador idoso, deveriam começar ao longo da construção do patrimônio, geralmente moldado por necessidades familiares e pretensões profissionais. Pensar em metas a longo prazo, relacionadas com a velhice, pode ser limitada pela previdência de adquirir um plano de saúde confiável, talvez em função do entusiasmo em alcançar metas estabelecidas pelo planejamento original.
Mas moradia diz respeito ao lugar em que se deseja envelhecer, com características que atendam não somente condições de segurança e proximidade com recursos de atendimento em saúde. Está relacionada à paisagem que se deseja, com os recursos naturais que despertem o prazer sensorial nos percursos rotineiros, que permita a manutenção de laços e a criação de novos vínculos pessoais, em especial com pessoas que descrevam estilos de vida semelhantes.
Afinal, o que caracteriza uma moradia apropriada para pessoas que planejam uma velhice bem-sucedida será, sempre, a sensação de liberdade de manter perto de si quem e o que de fato vale a pena.
Foto destaque de David McBee/Pexels