Ana Maria Ruiz Tomazoni, em seu trabalho de pesquisa, intitulado “Educar com sabor & saber: relatos e vivências interdisciplinares nas aulas de nutrição e gastronomia em instituições abertas para a terceira idade”, realizou um recorte no âmbito da gerontologia cujo tema envolve a educação voltada para alimentos, gastronomia e vida saudável.
Maria Lígia Pagenotto *
O objetivo de seu estudo foi investigar e relatar eventuais mudanças que as aulas de técnicas nutricionais, gastronomia, etiqueta e acolhimento à mesa gerou nos hábitos alimentares dos idosos. A autora também teve a preocupação de focar o idoso numa visão interdisciplinar.
Sua dissertação de mestrado foi defendida no ano de 2009 e contou com a orientação da professora doutora Ruth Gelehrter da Costa Lopes. Conheça nesta entrevista um pouco do interessante trabalho desenvolvido por Ana Tomazoni.
Portal: Por que decidiu fazer mestrado em Gerontologia na PUC-SP?
Fui aluna da PUC na graduação, já conhecia bem a instituição. Por ser professora em cursos de culinária em escolas da terceira idade, achei que deveria me aprofundar melhor na questão, para compreender melhor este universo.
Portal: Como se decidiu pelo seu tema de pesquisa?
Pela minha vivência relacionada ao tema alimentação e idoso. Sempre estive voltada para a questão educar com sabor e saber. Ou seja: entender a relação do idoso com a gastronomia.
Portal: Que desdobramentos este estudo teve na prática?
Eu já tinha uma prática muito grande nesta área, mas precisava me aprofundar na teoria. Fazer mestrado em gerontologia contribuiu para justificar melhor a vida profissional totalmente focada na prática. No curso, pude conhecer os autores (acadêmicos) estudiosos na área de gerontologia e trabalhar com eles em cima do tema da minha pesquisa. Como metodologia, me utilizei das próprias aulas desenvolvidas em instituições abertas para a terceira idade. Nelas, desenvolveram-se oficinas dos cinco sentidos, relatos e vivências interdisciplinares. Foi feita uma investigação baseada em questionários e memoriais. Além disso, foi realizado um paralelo entre os resultados desta investigação e de outras pesquisas realizadas no Brasil e no exterior, a fim de validar-lhe ou refutar-lhe os resultados. Verifiquei, pelas respostas dos questionários aplicados, mudanças nos hábitos alimentares dos alunos idosos em relação ao consumo de alimentos mais saudáveis, como frutas, verduras e legumes, uma maior ingestão de água no decorrer do dia, mais atenção à mesa e a si próprio. Buscamos deixar registrada uma contribuição à gerontologia, colocando o idoso num contexto de educação permanente, contemplando-o como um ser ativo, respeitado e integrado.
Portal: Quais as principais dificuldades encontradas durante o mestrado? Como conseguiu superá-las?
Acho que a dificuldade em administrar o tempo é o maior desafio que enfrentamos. Precisamos de tempo para ler os textos, fazer trabalhos, participar de discussões. Com persistência, consegui superar os obstáculos. Vale a pena acordar mais cedo para estudar, abdicar de alguns compromissos nos finais de semana, repensar melhor sua rotina.
Portal: O que o curso e a elaboração da dissertação contribuíram para sua vida profissional e pessoal?
A pesquisa que desenvolvi me proporcionou maior clareza do trabalho que realizo com os idosos. Vejo que consigo interferir na minha própria vida familiar também. Pessoalmente, sinto uma grande satisfação em poder contribuir para uma longevidade mais saudável dentro do universo em que atuo. Para tudo isso, no entanto, precisei pesquisar e colocar no papel minhas vivências. Isso será aproveitado, espero, por muitas pessoas, é fascinante. Também conquistei mais credibilidade para o trabalho que realizo e com frequência sou requisitada para desenvolver atividades semelhantes às que faço em minha região em todo o Brasil e até no Exterior.
Portal: A partir do mestrado, quais são seus próximos passos na vida acadêmica? E na profissional?
Já sou doutoranda, estou cursando Educação e Currículo na PUC-SP. Agora quero pesquisar sobre vivências intergeracionais relacionadas aos alimentos.
Portal: O que diria para quem está começando a fazer o mestrado na área?
É um setor com grande campo de trabalho profissional em diversos segmentos públicos e privados. Estudar gerontologia é estudar a própria vida, difícil alguém não se apaixonar.
* Maria Lígia Pagenotto é jornalista e mestre em Gerontologia pela PUC-SP. É membro associado do OLHE – Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento e integra a Equipe Portal. E-mail: [email protected] Fotos: Divulgação, mostram Ana Tomazoni em ação na sua escola em São Bernardo do Campo (SP) e em ILPIs.