O livro conta a história de uma neta que tenta compreender e desvendar o mistério de seu avô. Ele sabe a hora exata em que vai morrer. Para a neta, isso é algo extremamente revelador e fascinante. Durante todo o tempo, a narração se aproxima da visão da protagonista, encantada com esse senhor, dotado de uma espécie de sabedoria ancestral. Narrado em terceira pessoa e com uma linguagem simples e profunda, Adelice nos faz retornar, como numa cápsula do tempo, a uma vida de sabedoria.
Lilian Farias *
Um livro nostalgicamente poético, de todos os livros que li até agora. O homem que sabia a hora de morrer de Adelice Souza (Escrituras editora, 125 páginas) – é o mais poético. O título já é uma forte chama para a leitura, mas é o miolo da obra que me fascinou.Narrado em terceira pessoa e com uma linguagem simples e profunda, Adelice nos faz retornar, como numa cápsula do tempo, a uma vida de sabedoria.
Ela nos faz retornar a vida dos mais velhos; àqueles que estão próximos de nós. Um resgate ao mais profundo e belo do seio familiar. É um longo texto num livro literalmente curto.
Nas primeiras 15 páginas dessa emocionante história, senti vontade de chorar, rir, ligar para os meus pais e gritar para o mundo que o amor tem todas as respostas! Também percebi que este foi um dos poucos livros inéditos de 2013, até o presente momento.
Vou explicar. Os personagens centrais não estão envoltos num mundo irreal de Narciso. É a história de um avô e uma neta. O avô é um homem velho que desfruta da sabedoria da idade e a neta é uma jovem garota que desfruta da ingenuidade e curiosidade da idade.
Um velho sábio e uma jovem cheia de energia, mesclou numa combinação perfeita de mestre e aprendiz. “Meu avô achava a morte a coisa mais importante da vida. Tudo caminhava para ela. A morte era o rumo, dava o prumo aos dias, o seu paradeiro. As situações como foram. As situações como estão. As situações como iam ficar.”
Uma menina que ‘como qualquer outra’ vive a infância e um avô que vive a velhice, sem máscaras ou romantismo, mas com muita paixão e amor. Uma neta que transfere para o avô a responsabilidade de super-herói e narra com nostalgia as suas percepções frente aquele foi o seu grande homem.
E chega uma hora do livro que realmente fica a grande questão: quem sabe a hora de morrer?
O tempo inteiro a vida e a morte são intercalados como unas; como almas gêmeas. E então nascemos para morrer e morremos para viver.
Tão digna e substancial a maneira como a autora nos leva a bela e linda reflexão sobre morte e vida. Mas acho que é hora de calar-me e deixar que cada um tenha as suas próprias impressões!
Nota da Redação
“O homem que sabia a hora de morrer”, da Editora Escrituras, é o primeiro romance da contista baiana e diretora teatral Adelice Souza, lançado em 2013. Teve apoio da Bolsa Funarte de Estímulo à Criação Literária 2008, como também da Fundação Pedro Calmon, em 2009.
A autora mescla referências culturais e afetivas de sua cidade natal (Castro Alves, no interior da Bahia) a histórias que ouviu do avô e do pai.
* Lilian Farias publicou este texto. Disponível Aqui