As políticas públicas e os orçamentos públicos brasileiros precisam se adaptar a uma nova realidade: cada vez mais a população do país ganha mais pessoas idosas.
No dia 24/01/2023 o Portal do Envelhecimento publicou o artigo “Queda: razões que vão além de buracos na calçada”, do fisioterapeuta e escritor Claudio Cotter, que tratava sobre o aumento da capacidade adaptativa das pessoas idosas, de forma a prevenir as quedas.
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“Aumentar a capacidade adaptativa é uma virtude que se pode desenvolver em qualquer fase de vida. É um processo de mudança de percepção, hábitos e até de compreensão sobre a realidade”, disse Claudio, para logo depois contar sobre o encaminhamento de um paciente idoso, que sofria com quedas, encaminhado a um médico neurologista.
O texto me fez refletir sobre a atuação dos agentes públicos no Brasil e sua atuação na formulação de políticas públicas e alocação de recursos orçamentários às diversas demandas da população idosa brasileira. A visão sistêmica, matricial e interdisciplinar (diferentes profissionais, especialistas em diferentes áreas, atuando em conjunto na busca de soluções para problemas complexos em comum) é necessária nas políticas públicas e no processo decisório de alocar dinheiro no orçamento público.
Em se pensando em realidades sociais, econômicas, culturais, urbanísticas, geográficas tão diferentes em tantos municípios, e como tais realidades impactam na vida das pessoas idosas, eu fico me perguntando sobre o que os governos federal, estaduais e municipais estão planejando e executando em políticas públicas preventivas e corretivas às demandas das pessoas idosas. Práticas desportivas, calçamentos adequados, transporte público, iluminação pública, práticas desportivas, saúde pública são pensadas e executadas em conjunto? Tais serviços públicos impactam na qualidade e falta de qualidade de vida de pessoas idosas.
O exemplo do paciente citado naquele artigo aponta para uma necessidade, buscarmos alternativas para situações causadoras de problemas às pessoas idosas, por vezes, atuando em conjunto com outros profissionais, conhecedores de outras áreas de conhecimento e de práticas diferentes das nossas. É assim que as políticas públicas vêm sendo feitas de norte a sul, leste a oeste do Brasil?
Seja como for, se por um lado a interdisciplinaridade não é o “elixir mágico”, solucionador de todos os problemas de políticas públicas brasileiras (no sentido dele nem sempre ser o único[1] mecanismo adequado de trabalho para uma ampla rede de serviços públicos), a interdisciplinaridade pode ser útil à busca de soluções para problemas complexos das pessoas idosas. Seja como for, as políticas públicas e os orçamentos públicos brasileiros precisam se adaptar a uma nova realidade: cada vez mais a população do país ganha mais pessoas idosas.
Nota
(1) Para saber mais, sugiro a leitura de SPOSATI, Aldaíza. Gestão pública intersetorial: Sim ou Não? Comentários de experiência. In: Serviço Social & Sociedade. Ano XXVII, n. 85, março 2006. São Paulo: Cortez, 2006. p. 134-140.
Foto destaque de Rodnae Productions/pexels.