Nunca fomos tão felizes no campo para fugir a um triste destino

Nunca fomos tão felizes no campo para fugir a um triste destino

Ella & John, um filme sobre velhice, amor e destino. Uma aventura à moda do Diretor Italiano Paolo Virzi que nos faz refletir como é ser velho, ter força e se dar conta que há um “pacote” em nossa trajetória, que nos cabe administrar: nossos prazeres, a família, nossas angústias e a morte.

 

O público que frequenta as sessões do cinema Itaú Viver Mais sob a curadoria do Portal do Envelhecimento é de pessoas sensíveis que discutem no debate, não só suas histórias individuais mas apontam situações e mazelas como cidadãos presentes em uma sociedade nem sempre atenta às necessidades do público que envelhece neste país.

No debate do filme Ella & John conversamos sobre políticas públicas, escutar o outro e como lidar com a doença ao envelhecermos. O comentário de uma senhora, é que o casal Ella & John nos remete a situações que nos ajudam a crescer como pessoas.

Os personagens – casal Ella (Helem Mirren) & John (Donald Sutherland) saem viajando com um velho trailer usado nas férias, que faziam no passado com seus filhos. A viagem é planejada pela mulher que decide ir até Key West, cidade que abriga a casa-museu do escritor Hemingway.

Ella é a tradicional dona de casa que está lúcida e com câncer. John um professor de literatura apaixonado por Hemingway, iniciando um processo de esquecimento que é a pista que o diretor nos dá sobre o início da doença de Alzheimer, embora essa palavra não é mencionada no filme.

No caminho, algumas aventuras e desafios que o casal de velhos vive como se fossem jovens. É esta a oportunidade que tivemos durante o debate, de falar sobre o nosso longeviver, questionando sobre “o direito de vivermos os nossos últimos dias, como queremos!

A personagem Ella planeja o passeio na estrada, com objetivos claros de quem sabe que será a “última viagem”.

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Pegam o trailer estacionado há anos na garagem e saem sem avisar os filhos que ficam desesperados e reagem como se fossem eles os pais. Sabemos a dificuldade e a dor quando há momentos das nossas vidas quando nos tornamos pais dos nossos próprios pais.

No percurso da viagem, Ella & John vivenciam momentos singelos, recheados de conversas e memórias quando estacionam o trailer e passam algumas noites em campings públicos. É quando aproveitam para recordarem, com muito deleite, ao projetar “slides” com fotos da família e seus filhos quando eram crianças. O diálogo do casal é prazeroso quando recordam cenas de ciúmes, traição e outras situações do passado.

É bonito ver o quanto são sinceros e joviais nestes diálogos derradeiros. O filme nos remete à boa sensação que na velhice podemos ser sempre carinhosos e ter intimidades (sexo), sem constrangimento. Nesta viagem o casal Ella & John passa a impressão de que aguentaram a vida juntos, sabendo como lidar um com o outro. É evidente o respeito e o amor entre eles.

O filme consegue falar sobre o envelhecimento e doença com humor, ironia, emoção e alguns momentos de desconforto.

O desconforto é quando nas cenas aparecem conflitos gerados pela maneira bruta como o Hospital, Serviços de Home Care e entidades sociais, em geral, lidam com os velhos, isto é, sem a menor sensibilidade. Uma senhora assídua nos debates resumiu sua compreensão com as palavras: Dignidade e Cuidados!

Fotos: Rodrigo Gueiros

 

Conceição De Souza

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