Não clique aqui! - Portal do Envelhecimento e Longeviver
Ícone do site Portal do Envelhecimento e Longeviver

Não clique aqui!

homem negro, camisa pra rosa laranja aberta segura um celular nas mãos

Golpes financeiros contra pessoas idosas por meio de engenharia social no ambiente digital são cada vez mais comuns.


Por Flávio Morgado (*)

A segurança cibernética envolve alta tecnologia (machine learning, deep learning etc.) para evitar acessos indevidos por agentes da própria organização, erros operacionais causadores de danos e para prevenir ataques de hackers. Porém, um dos pontos fracos da cadeia são os usuários dos serviços, cujo comportamento abre portas para estes.

Um dos contextos da vulnerabilidade cibernética é o da superexposição das pessoas idosas às mais diversas mídias e conteúdo, dificultando a identificação, classificação e avaliação das mensagens recebidas.

As principais referências que explicam esse comportamento estão na Economia Comportamental, como por exemplo o livro Rápido e Devagar, de Daniel Kahneman, psicólogo vencedor do Nobel de Economia de 2002 por ser um dos pioneiros nesta área de pesquisa.

Kahneman Identificou duas formas de pensar: o chamado Sistema 1, que é rápido e intuitivo, mas odeia ambiguidades, que lhe causam desconforto. A outra é o Sistema 2, que é devagar, racional, requer atenção, está sempre funcionando, adora casos, é mais concreto, mas é preguiçoso e custoso para o cérebro.

Uma das técnicas para se aproveitar desses comportamentos inseguros é a Engenharia Social, que é, segundo Kevin Mitnick e William Simon[1], uma técnica para obter informações confidenciais, como senhas e dados pessoais, por meio do abuso da confiança, da negligência com senhas, da curiosidade e da sensação de medo das pessoas.

A figura a seguir é um exemplo de fraude após a clonagem dos contatos de uma pessoa. O golpista manda uma mensagem para o pai desta pessoa (identificado na lista de contatos) e tenta convencê-lo a fazer um pagamento.

Não perca nenhuma notícia!

Receba cada matéria diretamente no seu e-mail assinando a newsletter diária!

Verifique sua caixa de entrada ou a pasta de spam para confirmar sua assinatura.

Uma recomendação para dificultar a vida dos golpistas é usar verificação em duas etapas nos aplicativos de mensagens, para evitar a clonagem. Outra recomendação é não usar nomes de contatos que facilitem a comunicação dos golpistas, tais como PAI, MÃE, CASA etc. Existe aí um dilema, que é a dificuldade de contato em caso de emergências.

Porém, é com a educação digital e a utilização do Sistema 2 que serão identificados padrões de mensagens falsas (por exemplo: Um filho que nunca começa uma mensagem com “Boa tarde pai”), erros gramaticais em mensagens de instituições, ofertas muito vantajosas, tentações à ganância da vítima etc.

Notas
[1] MITNICK, Kevin D., SIMON, William L. A arte de enganar: Ataques de hackers: Controlando o fator humano na segurança da informação. São Paulo: Pearson Universidades, 2003.

Este artigo apresenta alguns elementos da pesquisa “Reações de idosos a mensagens que podem afetar sua saúde financeira e geral: uma proposta educacional”, com o apoio do Itaú Viver Mais e do Portal do Envelhecimento e Longeviver.

(*) Flávio Morgado é Bacharel em Matemática, Mestre em Administração de Empresas e Doutor em Comunicação e Semiótica. Professor e pesquisador da PUC São Paulo.
Experiência em Sistemas de Informação. Pesquisa envelhecimento, inteligência artificial, gestão em saúde e impactos sociais da Tecnologia da Informação. É membro do Núcleo de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento da PUC-SP.

Foto de Ksenia Chernaya/pexels.


Portal do Envelhecimento

Sair da versão mobile