Música, dança e esporte – prazeres do corpo e da alma

Já disse Arthur Schopenhauer, o célebre filósofo alemão do século XIX, que “a música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende”. Entender os encantos e encantamentos que a música produz no corpo e na alma do ser humano, provavelmente, é um dos mistérios que, talvez, nem as mais sofisticadas pesquisas científicas possam desvendar.

 

 

musica-danca-e-esporte-prazeres-do-corpo-e-da-almaPara falar de música, nada melhor que acrescentarmos a dança, o movimento ritmado do corpo, da mente e da alma comandado pelo homem que se entrega ao puro prazer, ao deleite dos deuses e ao som produzido por suas harpas refinadas.

Com movimentos improvisados e apaixonados, a bailarina americana Isadora Duncan (1877-1927) exprimia na dança e na música seus sentimentos de liberdade: “dançar é sentir, sentir é sofrer, sofrer é amar… Tu amas, sofres e sentes. Dança!”

Dizem que o ato de dançar liberta. É possível que tudo isso tenha sido a fonte de inspiração da Dance Exchange, fundada em 1976 no Estado do Arizona (oeste dos Estados Unidos). A companhia conta com diversos integrantes idosos e realiza oficinas voltadas para pessoas de idades avançadas. Muitos desses dançarinos reconhecem ver a dança quase como uma terapia (matéria do vídeo da BBC Brasil).

Muitos substantivos e adjetivos foram usados para falar dos efeitos da dança, mas como uso do movimento ritmado para fins psicoterápicos é mais um elemento importante relacionado aos benefícios da dança e, no caso, com pessoas mais velhas. Diz a reportagem: “Uma das bailarinas e instrutoras do grupo, Shula Strassfeld, de 66 anos, fala da satisfação que sente quando recebe semanalmente e-mails, cartas e telefonemas de idosos que contam como ter participado do grupo acabou mudando suas vidas”.

Thomas Dwyer, de 78 anos, um dos que participa dos espetáculos do grupo, relata que a experiência não é positiva apenas do ponto de vista físico: “A dança faz com que eu permaneça mentalmente ativo, porque na dança você tem que conduzir o seu par. Você não pode errar, é preciso um grau de alerta muito elevado”.

E a música, o bálsamo que conduz, une, reúne e integra, fez com que um grupo de idosos, aparentemente amigos desde que o mundo é mundo, se reunisse numa lanchonete para cantar a música de Elton John, tema do filme Rei Leão, “Can you feel the love tonhight?” (vídeo TV UOL). Como bem disse um internauta: “Como é bom ver um grupo de pessoas cantando com alegria e demonstrando a alegria de vida, não importando a idade, Lindo demais!!!”

Falamos da combinação dança/música, mas porque não associar a tudo isso o esporte como ponte, elemento intergeracional que une o improvável (o skate e suas manobras radicais) a um grupo de idosos asilados?

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E falando do improvável, essa é a reportagem trazida pelo site da UOL Esporte: “A combinação entre skate e pessoas com uma idade mais avançada geralmente não dá certo. É comum ver skatistas receberem olhares tortos e reclamações quando arriscam suas manobras pelas ruas e calçadas. Levar então 25 skatistas para um asilo e realizar um campeonato seria impossível neste cenário. Mas o que se viu em Porto Alegre foi exatamente o contrário”.

musica-danca-e-esporte-prazeres-do-corpo-e-da-almaO Asilo Padre Cacique, fundado em 1898 e um dos mais antigos da capital gaúcha, foi palco do “Asilo Padre Cacique Skate´s Cup” em 17/03/2013. Lá 25 skatistas disputavam o troféu “Bengala de Ouro” ao som de Elvis Presley, B.B. King e Roberto Carlos, entre outros.

Com muita descontração e humor – até no nome do troféu -, a união entre os jovens do esporte e os idosos que residem no asilo deu certo e tudo se tornou uma grande brincadeira, um exercício lúdico para “os dois lados da moeda existencial”.

Aos mais velhos, coube a tarefa de atribuir notas para as manobras realizadas nos corrimões e rampas instaladas na área aberta do asilo. E para deixar o evento ainda mais com a cara da terceira idade, os próprios moradores escolheram a playlist que seria usada na aventura esportiva: de Elvis Presley passando por Chuck Berry, Ray Charles e B.B. King e aterrissando no romântico Roberto Carlos, na irreverência de Tim Maia, e na elegância dos eternos Frank Sinatra e Elton John. Diga-se de passagem, sons nada comuns nos tradicionais campeonatos de skate.

Luis Carlos Panho, um dos organizadores do “Asilo Padre Cacique Skate´s Cup”, conta como foi a experiência: “Em um primeiro momento, os moradores receberam com estranheza, mas a participação foi maciça. Não existia um preconceito, mas tinham aquela imagem de que o skate é para os jovens. Nossa maior preocupação era fazer com que eles participassem, por isso escolheram as músicas e foram os jurados. Houve uma interação e por isso deu tão certo”.

Seu Hermínio, 88 anos, nove anos no asilo e um dos que ajudou a avaliar as manobras, deu seu depoimento: “Foi muito bom ver os velhinhos de cabelos brancos envolvidos. É uma coisa diferente, sai da rotina. Foi a coisa mais diferente que teve aqui. Se tivesse mais seria muito bom”.

Está aí, um jeito simples de se sentir bem e feliz. Querem mais?

Referências

VÍDEO (2013). Grupo de dança dos EUA se destaca com integrantes idosos. Disponível Aqui. Acesso em 01/04/2013.

TIEPPO, L. (2013). Ao som de Elvis Presley e B.B. King, asilo sedia campeonato de skate em Porto Alegre. Disponível Aqui. Acesso em 01/04/2013

VÍDEO (2013). Velhinhos soltam a voz em lanchonete. Disponível Aqui. Acesso em 01/04/2013.

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