Aos 65 anos, Maria José Cleto Viceconti, a Mazé, divorciada, três filhos, deixa transparecer, logo nas primeiras frases trocadas, um grande, imensurável amor a seus pais. E não poderia ser diferente: há sete anos (desde 2005, portanto), quando ambos sofreram quedas, assumiu para si a missão de cuidar de ambos. À pergunta mais frequente que lhe é dirigida – “por que não interna os dois?” -, tem a resposta pronta: “Não agora, pois agora cuido eu”. Isso apesar de o trabalho, inegavelmente, ser exaustivo. Filha única, entre as tarefas de Mazé está, por exemplo, cuidar da compra e troca de fraldas. “O gasto com fraldas, hoje, passa dos R$ 300 mensais. É um valor alto, mas elas são indispensáveis”.
Guilherme Salgado Rocha Foto: Arquivo pessoal
Na foto, dona Maria de Jesus Cleto Agostinho e o sr. Seme Agostinho estão sentados; de branco, Cecília (ministra da Eucaristia) e, a seu lado, Maria José Cleto Viceconti, a Mazé.
Portal – Por favor, diga seus dados pessoais.
Mazé – Moro em Sorocaba, tenho 65 anos, três filhos. Um de 35 anos, depois 34 e 32 anos. E são três netos – de dez, sete e um ano.
Portal – Qual é a sua trajetória de vida?
Mazé – Tenho licenciatura em Pedagogia, com especialização em Orientação Educacional e Treinamento de Pessoal. Como pedagoga, trabalhei muito tempo com educação. E quando estava me aproximando da aposentadoria, trabalhava em um Cefam, curso de magistério do Estado, e lecionava algumas metodologias, inclusive do ensino da arte. Acompanhava grupos de estudantes nas visitas ao Masp, à Bienal e em outras excursões culturais.
Portal – Mas há uma agência de turismo no caminho…
Mazé – Sim… Partindo daí, foi um pulo me juntar a uma amiga e abrir uma agência de turismo, voltada especialmente para viagens culturais. Tive um trabalho interessante e reconhecido. Mas como sou filha única, houve uma ‘alteração de rota’.
Portal – Como isso aconteceu?
Mazé – Em outubro de 2005, meu pai estava com 81 anos e ainda dirigia a sua Brasília Verde. Ele foi comer pastel na feira, caiu e quebrou o ombro. Colocou um desses imobilizadores. Uma semana depois foi descer uma escada, se apoiou na minha mãe e foi a vez dela cair.
Portal – Uma semana?!
Mazé – Uma semana… E mais do que isso, ela também quebrou o ombro. Ele quebrou o ombro esquerdo, ela o direito. Os dois na tipoia, imagine a situação. E andavam de braços dados. Não havia outra saída: tive que socorrê-los. Mas estava certa que seria por um breve período.
Portal – Pelo visto, não foram três meses.
Mazé – Descobri que não era viável deixá-los sozinhos em um apartamento, especialmente pela dificuldade de encontrar pessoas para cuidar deles. Ao menos por duas horas diárias teria que me dedicar a ambos, além de ser responsável pelas compras de alimentos, medicamentos e as demais despesas.
Portal – Mas como conciliou tudo isso com o trabalho?
Mazé – Pensei bastante. Consegui vender a agência de turismo. Meus três filhos já estavam formados e encaminhados. O filho mais velho havia concluído medicina, terminara a especialização em anestesiologia e estava voltando para Sorocaba com um cão labrador.
Portal – Aí é que você pensou na expressão “vida virando pelo avesso”.
Mazé – Nossa! Virando pelo avesso e eu sem ter muito para onde correr. Seguiram-se diversas fases em relação a eles.
Portal – Em relação aos pais?
Mazé – Exatamente. Saíamos para shows, fazíamos festas. Meu pai adora cantar, sempre muito divertido, mas aí vieram episódios difíceis.
Portal – Por exemplo…
Mazé – Meu pai já tinha uma prótese de quadril, caiu novamente e foi para uma cadeira de rodas. Minha mãe, sem seu apartamento e sem todas as suas atividades rotineiras, ficou com depressão. E aí teve o diagnóstico de Alzheimer, piorando muito. Caiu e igualmente quebrou a cabeça do fêmur. Hoje ela ainda caminha com auxílio. É muito difícil conviver com tantas perdas. E o que era ainda pior: no momento das quedas iam para o hospital e voltavam com escaras.
Portal – E você geria tudo sozinha?
Mazé – Na verdade, eu me sentia na mão dos cuidadores, que tinham muitos defeitos. Um lotava meu pai com Rivotril, sem ser indicação do médico, outra se jogava no meu sofá da sala para tirar um “cochilo”. E assim foi até eu descobrir que teria que dominar a arte de ser cuidadora.
Portal – Houve muita dificuldade?
Mazé – No começo era quase impossível lidar com cocô, xixi e dentadura, mas meu filho me lembrou que eu teria que encarar as tarefas como se tivesse em minhas mãos uma criança, e deveria “manejá-la” pelas articulações.
Portal – E passados sete anos?
Mazé – Não foi simples, não é simples. Hoje, sete anos depois – minha mãe está com 86 anos e meu pai com 88 anos -, acho que sou uma boa cuidadora. Pesquisei bastante para chegar aos melhores resultados referentes à alimentação, higiene e cuidados. Sei fazer barba, cortar cabelos e sou bastante elogiada na cozinha. Tenho uma auxiliar para serviços gerais da casa e outra que me ajuda a carregá-los, secar os pés e fazer a instrumentação no banho.
Portal – Mas mantém suas atividades de lazer?
Mazé – Tenho que fazê-lo, a fim de manter meu equilíbrio. Gosto de dançar, ler, teatro, cinema. Procuro sempre encaixar algumas dessas atividades na minha rotina.
Portal – Um dos aspectos dos cuidados aos pais centra-se nas fraldas. Como é?
Mazé – Não sei precisar o início de tudo, quando começaram a usá-las. Calculo que meu pai faz uns quatro anos, e a minha mãe um pouco depois.
Portal – Usam fraldas diferentes?
Mazé – Minha mãe, durante o dia, usa calça com absorvente grande, da Plenitud, que custa R$ 20, e da marca TENA*, que custa R$ 38,00, mas vem com 14; à noite é fralda da Adultcare. Meu pai, durante o dia, usa fralda Maxfral, a R$ 31,70 o pacote com 30 fraldas, que é excelente. À noite também usa fraldas da TENA, que custa R$ 68,70, com 28 fraldas.
Portal – Você dizia que o gasto mensal com as fraldas é superior a R$300.
Mazé – Sim, superior a R$ 300. Busco sempre as melhores opções, considerando o conforto e a resistência.
Portal – Terminamos com uma pergunta que deve lhe ser intermitentemente repetida: por que não encaminhá-los a uma casa de repouso?
Mazé – É verdade. Com grande frequência ouço esse questionamento. E com a mesma frequência repito: “Casa de repouso? Não, obrigada, agora cuido eu”.
*Nota da Redação
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