Esta publicação confirma dados de pesquisas anteriores quanto ao tipo de ocorrência, perfil das vítimas e de agressores. Predominam as denúncias da violência psicológica, seguida da negligência, da violência física e financeira, com 94% das ocorrências dentro de casa. A grande maioria dos agressores são filhos e filhas (59,34%) e a maioria das vítimas são mulheres.
Vicente de Paula Faleiros *
Será que os homens denunciam menos ou sofrem menos violência?
Esta publicação da Central Judicial do Idoso – CJI é de fundamental importância para o diagnóstico e a formulação de políticas e de medidas referentes à violência contra a pessoa idosa. Os dados atualizados mostram que há um aumento das denúncias, ou seja, a agressão à velhice está com mais visibilidade e mais reação da sociedade.
A denúncia é a ruptura do silêncio sobre o fenômeno e o primeiro passo para sua revelação pública. A existência de canais de denúncia, como Disque Direitos Humanos, é uma porta de entrada da rede de atendimentos à vítima e de responsabilização do agressor.
Esta publicação confirma dados de pesquisas anteriores quanto ao tipo de ocorrência, perfil das vítimas e de agressores. Predominam as denúncias da violência psicológica, seguida da negligência, da violência física e financeira, com 94% das ocorrências dentro de casa. A grande maioria dos agressores são filhos e filhas (59,34%) e a maioria das vítimas são mulheres. Será que os homens denunciam menos ou sofrem menos violência?
A questão da violência intrafamiliar contra a pessoa idosa na sociedade contemporânea mostra-se articulada com as relações de dependência dos jovens em relação a seus pais, com a acentuação do desemprego, com a coabitação intergeracional e com o uso de drogas lícitas e ilícitas. O enfrentamento desse tipo de violência implica a ação do Estado, da sociedade e da família.
Dispositivos de mediação de conflitos, de educação da convivência intergeracional e de responsabilização dos agressores precisam estar articulados em rede. Os Centros Especializados em Assistência Social – CREAS, os Centros Especializados em Atenção Psicossocial – CAPS, os Centros de Saúde, o Setor Psicossocial Judicial e as instituições de responsabilização dos agressores (Juizados e Delegacias) precisam estar funcionado em rede de forma bem articulada.
A violência contra a pessoa idosa também necessita de ser considerada no contexto da violência da sociedade e do capitalismo competitivo, para se implementar alternativas tanto de promoção da juventude como do envelhecimento ativo e participativo, bem como de encontros familiares intergeracionais.
Este trabalho, ora publicado, instiga não somente a busca de conhecimentos, como também o desafio da construção de políticas públicas de prevenção dessa violência frente à maior longevidade, à mudanças da família e a conflitos societário.
* Vicente de Paula Faleiros é professor Emérito da UnB e Docente da UCB