A Mais Vívida leva mais qualidade de vida para 60+ e promove a relação intergeracional. A plataforma seleciona e capacita jovens universitários de 18 a 30 anos de idade (os ‘Anjos’) para acompanharem idosos (os ‘Vívidos’) em atividades do dia a dia, como idas ao médico, compras ou passeios, ajuda com tecnologia, ou para simplesmente fazerem companhia.
A dificuldade que uma família tem hoje de conseguir tempo para levar os mais velhos ao médico, ao supermercado ou a atividades culturais e de lazer é cada vez maior, dado às condições de sobrevivência em que cada uma se encontra, além de mudanças estruturais familiares. Não há mais a família horizontal, cheia de filhos, primos e netos. Hoje falamos em famílias verticais, onde se tem os quatros avós, poucos filhos adultos e poucos netos, muitas vezes estes vivendo em outras regiões e até país. Essa realidade deu surgimento a um serviço, a Mais Vívida, que aproxima jovens – chamados de “Anjos” – aos idosos – ou “Vívidos”, para juntos, realizarem atividades do dia a dia, além de fazerem companhia, ouvirem suas histórias e, sobretudo, construírem relações de carinho.
Foi a vontade de fazer algo para mudar as condições de vida de milhares de idosos que sofrem com o isolamento social e a solidão, podendo entrar em estados depressivos profundos e até chegar a fatalidade, que uniu três sócios – Viviane Palladino, Lilian Glaisse e Filipe Mori -, com histórias pessoais comuns com seus avós, de assisti-los, e de verem eles ir embora cedo porque perderam sua autonomia e independência. Elas, 40 anos, casadas e sem filhos, da área de Marketing e Conteúdo. E ele, 35 anos, casado, também sem filhos, com experiência em Telecomunicações com Análise Financeira e desenvolvimento de negócios.
Para Viviane Palladino, uma das sócias-fundadoras, “Existem poucas empresas especializadas em serviços para este público da forma como estamos propondo. Predominam os negócios de cuidadores e serviços e produtos hospitalares, que atuam em uma fase específica da doença ou estágios de pouca mobilidade física. Mas uma pessoa acima de 65 anos tem muita vivência a compartilhar e muito ainda a viver”. Ela reconhece a importância da relação intergeracional e a transformou no cerne da Mais Vívida, a fim de aproximar jovens de idosos que estão buscando novas experiências, companhia, alegria ou simplesmente ajuda. “O nosso foco é a dor latente das famílias que tem seus pais e avós de idade em casa, por não poderem estar todo tempo com eles, fazer companhia e levá-los onde precisam ir, mantendo sua rotina, vida e alegria”, diz Viviane.
A fim de se conhecer melhor o que de fato é a Mais Vívida, o Portal do Envelhecimento entrevistou os sócios. Vamos à entrevista?
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Portal do Envelhecimento – Quando surgiu a Mais Vívida?
Mais Vívida – A plataforma Mais Vívida foi lançada em junho de 2019, e iniciou as operações na capital paulista. Agora começa a expandir para cidades do interior do estado de São Paulo e para outras capitais.
PE – Qual é a concepção de envelhecimento que a Mais Vívida tem?
MV- Queremos quebrar o paradigma de que o idoso deve ser visto como alguém doente. Ocupar o espaço afetivo que muitas vezes ninguém da família preenche – e muitos acabam contratando cuidadores, antes da hora, para preencher esse espaço. Quando a pessoa se aposenta e começa a abrir mão de sua rotina, iniciam-se os problemas. A Mais Vívida re-insere o idoso na sociedade, por meio da conexão intergeracional.
PE – Em que consiste a Mais Vívida?
MV – A plataforma conta com Anjos cadastrados em 35 cidades do Brasil. Os Anjos são jovens entre 18 e 30 anos de idade, da chamada “Geração Z”, que buscam trabalhar com um propósito. Para ser um anjo, é necessário preencher um formulário no site, informando dados pessoais e respondendo à pergunta: “o que motiva você a ser um anjo?”. Após passar por um rigoroso processo seletivo, que inclui checagem de antecedentes criminais, teste de personalidade e entrevista, eles participam de um treinamento.
PE – Por que Anjo?
MV – O nome anjo foi intuitivo, não tem uma razão especial. Queríamos usar nomenclaturas acolhedoras e que passassem a mensagem de que os jovens estão ali para o que eles precisarem. Quando testamos o nome com uma primeira cliente, no acompanhamento ao supermercado, ela apresentava o jovem que a acompanhava para o Caixa dizendo “Olhe, estou com um anjo!”, e se enchia de orgulho. A brincadeira pegou.
PE – Qual é a base do “treinamento” aos Anjos?
MV – Temos uma gerontóloga e psicóloga, também Mestre em Gerontologia, como consultora para o treinamento dos anjos. Ela nos fornece o material base e montamos um treinamento que contempla toda operação da Mais Vívida e o conteúdo dos atendimentos. Fazemos um treinamento semestral de 1h30, que é presencial, e 1 a cada trimestre de 30 minutos, por meio de plataforma online.
PE – Em que consiste esse conteúdo?
MV – Parte desse conteúdo é sobre eles terem em mente que os encontros são uma sessão de troca e construção de vínculo, uma proposta não terapêutica, porém com fim terapêutico. Falamos sobre o que o jovem pode levar para o idoso e o que o idoso traz para ele também.
PE – Qual tem sido os principais trabalhos dos anjos junto aos idosos?
MV – Os serviços que oferecemos são os mais corriqueiros, como ensinar a mexer na internet e no celular, ler um livro, dar uma caminhada na praça ou acompanhamento em atividades mais importantes da rotina, como ir a uma consulta médica, por exemplo. Dividimos essas atividades em três frentes de atuação: Tecnologia (apoio com uso de celular e computador), Acompanhamento (para consultas, exames, compras e passeios) e Manter a Mente ativa (uso de Jogos, Música e Bate-Papo como um meio de ativação social e cognitiva).
PE – O que os idosos e os jovens ganham com essa troca intergeracional?
MV – Nós possibilitamos ao jovem arrecadar uma quantia em dinheiro e ensinamos a ele também valorizar os mais velhos e trabalhar habilidades socioemocionais, como a empatia. Já os idosos, com as experiências vividas ali, eles se sentem mais proativos e felizes.
PE – O que os Anjos falam dessa experiência?
MV – Temos alguns depoimentos interessantes sobre essa troca, vejam o que alguns deles nos dizem:
Tô gostando muito! Tá sendo uma experiência incrível. Tô aprendendo várias coisas, porque cada encontro é uma troca diferente (no de ontem, por exemplo, o Sr. Hugo me deu uma aula sobre fotografia). E é muito bacana ver o avanço dele em relação à tecnologia encontro após encontro!! Outra coisa é que a experiência da Vívida tá me ajudando muito a aperfeiçoar minha didática, e isso tá sendo bem importante! ☺”- Larissa Taconelli Palhares, estudante de psicologia da PUC – SP e Anjo Vívida.
Que experiência fantástica. Ver ela evoluindo grandemente foi o melhor presente “- Alana Maria Moura, trabalha como faxineira pela manhã, estuda à noite e de tarde faz atendimentos pela Mais Vívida.
Foi muito legal, ela pareceu muito feliz no final do atendimento. Fiquei muito feliz de ir ❤❤❤”- Alana Karina Leghi, atende Dona Luzia, de 86 anos, adora jogar cartas e jogos de tabuleiro e virou a melhor parceira de UNO dela.
PE – Como os idosos ou seus familiares podem contratar os Anjos?
MV – Tanto idosos quanto seus familiares podem contratá-los por hora avulsa (R$50) ou planos mensais, como o Flat (R$270 por 6h, sendo no mínimo 1h30 por semana e desconto de 10% por hora extra) ou o Premium (R$480 por 12 horas, sendo 3 horas por semana, e desconto de 20% de hora extra).
PE – O que pensam do mercado do envelhecimento hoje e no futuro?
MV – Por termos também trabalhado com Marketing e Consumo em instituições financeiras, empresas de consumo e de comunicação, assistimos a ignorância das marcas sobre a necessidade deste público. Há uma lacuna enorme a se preencher – que é a segunda razão pela qual montamos a Mais Vívida. Em 2040, o Brasil terá mais idosos que crianças e jovens em sua pirâmide populacional. O que as empresas estão fazendo por isso? Nós resolvemos parar de questionar e fazer a nossa parte. Hoje, o mercado de produtos voltados a idosos é basicamente restrito a tratamentos de doenças. Poucas são as empresas preocupadas com o bem-estar e qualidade de vida deles. Contudo, com o envelhecimento da população, tendo a inversão da pirâmide populacional em 2040, e aumento da expectativa de vida, haverá a necessidade de difundir mais atividades que visem a experiência do idoso, considerando também seu prazer e bem-estar.
PE – É verdade que vocês já receberam prêmios?
MV – Sim, nos primeiros seis meses de operação, ganhamos dois prêmios: Melhor Pich da StartUp Farm – edição especial Female Founders, e fomos eleitos uma das Top 10 promissoras do Aging 2.0 – organização mundial que elege empresas que estão fazendo algo pela longevidade.
Serviço
Mais Vívida
Site: https://www.maisvivida.com.br
Facebook: https://www.facebook.com/maisvivida
E-mail: [email protected]
Fone: (11) 99505-5459
Será que as ações socioculturais que estão sendo propostas por diversas instituições realmente incentivam as pessoas acima dos 60 a se reinventarem? A lançarem-se em busca de seus desejos? A perceber-se em suas singularidades? A olhar em sua volta…? Quais e que tipos de ações, atualmente, são ofertadas ? O que de fato propõem?
Inscrições abertas: https://edicoes.portaldoenvelhecimento.com.br/produto/praticas-culturais-para-idosos-como-e-quais-propor/