A notícia correu na rede social no início de abril após o jornal norte-americano New York Post noticiar que Franklin Youngblood, filho de Bernice Youngblood (85 anos) tinha dado entrada em um processo contra a Instituição de Longa Permanência (ILPI), East Neck Nursing and Rehabilitation Center, em Long Island, onde sua mãe é residente, por causa de uma festa com direito a stripper.
Segundo a nota no jornal, assinada por Selim Algar, o que aconteceu foi que o filho encontrou uma foto de sua mãe colocando uma nota de dinheiro na cueca de um stripper, e ficou chocado ao saber da diversão na ILPI onde ela vive. No processo ele alega que sua mãe tem fragilidade física e mental e que a instituição deveria cuidar dos residentes, e não se divertir a custa dos mesmos.
Esta pequena nota e o modo como a notícia rolou na rede nos faz refletir sobre cuidados e desejos. Ele, ao expressar seu espanto ao ver sua mãe na foto se divertindo em uma ILPI ao ponto de fazer a denúncia e processar a ILPI, traz a público dois grandes preconceitos existentes em relação à velhice.
O primeiro deles é que ILPI, ou como muitos ainda teimam em chamar, asilo, não é lugar de diversão, mas sim de costurar ou jogar baralho, ou ainda, lugar de resignação e de espera da “senhora morte”. Será que não é hora de mudarmos essas representações? Afinal, ante as novas configurações familiares, as ILPIs vêm se mostrando alternativas possíveis para se viver de forma coletiva. É claro que cabe a nós fiscalizar e exigir cada vez mais por melhores serviços e atendimentos, assim como outrora as mães lutaram por melhores creches, tidas nos anos 60 como verdadeiros depósitos. Hoje, as mães lutam por uma vaga para seu filho na creche do que deixar com alguém despreparado.
O segundo preconceito é achar que pessoas de mais idade, mesmo com déficit cognitivo, só possam se ocupar e se divertir com costura de panos de prato, jogo de cartas, artesanato… Segundo o texto do jornal, um advogado da família de Bernice Youngblood havia declarado que “Ela viveu 85 anos como uma batista tradicional, uma senhora muito trabalhadora… E, agora, foi contaminada”.
A título de ilustração, muitas pesquisas realizadas no Programa de Gerontologia da PUC-SP revelam que muitas mulheres idosas experimentam a liberdade de ser após ficarem viúvas, quando então realizam seus desejos. Isso será “contaminação”?
Enfim, esta notícia assim como outras publicadas em diversos veículos de comunicação sobre o mesmo assunto mostram muitas controvérsias. Mas chama a atenção um filho dizer que sua mãe é demenciada e por isso o abuso da ILPI ao expô-la à festa, mas a expõe à grande mídia, onde ela dá entrevistas dizendo-se envergonhada.
Em tempo, tudo isso aconteceu por causa de uma foto que ninguém sabe quem a tirou nem quando.
Mais sobre o caso: Acesse Aqui
Referências
ALGAR, Selim. Nursing home hired strippers for patients: suit. Disponível Aqui. Acesso em 08/04/2014.