Aurea falou sobre sua participação na discussão sobre envelhecimento e mídia, juntamente com Karla Cristina Giacomin, Alexandre Kalache e a Irmã Therezinha Tortelli, Presidente da Pastoral do Idoso no Brasil e coordenadora da mesa. “É importante lembrarmos que a velhice é no singular, as histórias de vida são de cada um. A velhice é uma conquista e a longevidade humana também”. Fez referência à plenária, da qual Maria Cota (que ajudou a “costurar” o texto do Estatuto do Idoso e é reconhecida como uma liderança entre os idosos) tomou a palavra e discorreu sobre sua trajetória sofrida e destacando a mudança que ocorreu nesta III CNDPI: “O idoso está chamando para si a responsabilidade. Quer dividir o espaço com os técnicos, uma questão intergeracional importantíssima. Aqui todos têm espaço, porque o idoso está crescendo e assumindo o seu papel. Muitos vieram com recursos do governo e outros com os próprios recursos. Os idosos vieram! Mas ainda vão conquistar seu espaço na mídia. Ter voz também na mídia e não apenas entre seus pares” – palavras lembradas por Aurea.
Bernadete Oliveira
Juntou-se a nós Maria Celina Rangel de Andrade que também é de São Paulo . Contou ao Portal que veio à Conferência principalmente para conversar com as pessoas, conhecer as realidades para discuti-las, entender o que está acontecendo, na busca de caminhos para melhorar a representatividade e formação dos delegados idosos, especialmente nos Conselhos Municipais do Idoso. Porque ser diferenciado, refletir e discutir sobre um convite que lhe é feito e até mesmo sobre suas práticas, ou papel que representa, é essencial. Especialmente, hoje em dia quando estamos expostos a uma quantidade imensa de informações um pouco complicadas para qualquer segmento entender.
Ainda no saguão lembrei-me de quando cheguei de São Paulo para participar da III CNDPI, fui ao ônibus, que estava estacionado frente à floricultura, no Aeroporto de Brasília, e conheci a Sra. Maria Riselia Lima, 66 anos, Assistente Social há 28 anos e Presidente do Conselho Municipal do Idoso (CMI) de Alagoinhas, Bahia. No ônibus estavam as delegações da Amazônia e da Bahia que chamavam a atenção dos passageiros cantando e dançando músicas regionais, brincando uns com os outros (debochando) em plena 10 horas da noite. Até que uma informação… Bem, nossa entrevistada, protagonizará aqui um papel vivido por muitos idosos na III CNDPI.
O Portal procurou e encontrou, entre a multidão, Maria Riselia no último dia da Conferência, minutos antes de embarcar de volta para a Bahia, que começou contando sobre seu trabalho: “Desde moça me identifico com o trabalho comunitário. Meu primeiro trabalho foi com os meninos de rua que apareciam na cidade, hoje são homens de bem, pais de família. Eram pivetes, não tinham nenhum valor na época. Sinto-me realizada como pedagoga. Outro trabalho foi com as prostitutas, hoje não tem mais, graças a Deus. Fiz visita, muita conversa e orientação para ter confiança. Antes família que botava fora de casa. Hoje bota para dentro. Bota o homem para dormir dentro de casa, faz o quarto da filha – hoje é namorido.”
Seu trabalho com idosos nasceu quando o Lions veio para sua cidade. “Para fundar tinha que ter uma prioridade e a identificamos nos idosos. Acoplamos a ideia, batalho há 22 anos neste trabalho pelos direitos dos idosos. Fazemos visitas aos lares e Centro de Referência do Idoso, que é do Estado, mas a manutenção é nossa. A Cidade de Alagoinhas é a Quarta Cidade mais velha da Bahia. Tem sete lares de idosos. Hoje ILPI. Pelo CMI organizamos jogos, tiramos da clandestinidade (essas ILPI’s) todas, com ajuda da Promotoria. Porque o Município, o Governo, não tem interesse – a ILPI sem documento não tem direito a receber recursos. Subvenção que é a ajuda financeira que vem do Governo Federal. Entra no orçamento e fica retido na Assistência Social.”
O que a Sra. destaca do trabalho que realiza atualmente? “O mais bonito do nosso trabalho é no Dia Nacional do Idoso, uma Ação Global que visa tudo o que temos direito. Todos podem ir. Tem caminhada para o envelhecimento saudável na cidade toda, café da manhã, feira de saúde. Em 2011 já participaram, mais ou menos, 1.800 idosos, com a ajuda de toda a comunidade, até as clínicas particulares participam.”
E a viagem da Bahia para Brasília? “A Viagem foi boa, espírito grande de alegria e entusiasmo. O grupo de delegados esperançoso. Quando chegamos aqui, já no ônibus um impacto triste. Ficamos sabendo que nosso grupo seria dividido, alojado em três hotéis diferentes. Então logo na chegada ficamos todos tristes. Uma menina me disse não me deixe não. Porque tabaréu quando vem da cidade pequena quer ficar tudo junto, um do outro, para não se perder. E a gente se perdeu…”
Para ela: “a Equipe do Apoio desta III CNDPI, se esforçou muito, mesmo não estando orientada, com o material em mãos, e ficaram agoniados com nossa chegada. Os funcionários se informando uns com os outros para receber bem a gente e a cúpula não deu condições. Mesmo com as desilusões e as informações desencontradas fiquei em um hotel bom. Tudo bem.”
Relata que fez elogios e críticas para cada um dos funcionários. “A parte da metodologia deixou muito a desejar. A diferença desta III Conferência Nacional é que tem todo o apoio dos idosos de todos os Estados Brasileiros para garantir e exigir as ações propostas aqui, mesmo com dificuldades. O que valeu? O que está valendo? São os encontros Estado com Estado, as panfletagens das cidades, a riqueza cultural de cada um de nós e o desejo que cada um de nós tem na causa do idoso. Chegamos aqui. Vim mais para ver os frutos de nossos trabalhos. Foi difícil – Conselho Municipal e a Promoção Social – tudo sem dinheiro.”