O envelhecimento da população brasileira surge acompanhado de uma transição social. A busca por asilos surge como uma alternativa para as famílias de baixa renda ou para idosos que perderam seus vínculos familiares. Porém, a mudança para a instituição impõe alterações na rotina diária desses idosos, que podem acarretar modificações de hábitos alimentares e fragilizar a saúde destes indivíduos. Nesse sentido, Odete Santelle e equipe da Universidade de São Paulo resolveram identificar alguns fatores psicológicos e sociais envolvidos no comportamento alimentar de moradores de instituições de longa permanência.
De acordo com artigo publicado na edição de dezembro de 2007 dos Cadernos de Saúde Pública, “participaram quarenta idosos de ambos os gêneros, sem distúrbios cognitivos, residentes nas instituições há seis meses ou mais. Foram selecionados vinte idosos desnutridos ou em risco de desnutrição e vinte sem risco de desnutrição. Foram utilizadas entrevistas com roteiro semi-estruturado”.
Os resultados mostram que, na percepção dos idosos, a rotina alimentar institucionalizada, os cardápios rotineiros e a oferta insuficiente de hortaliças e frutas interferem negativamente no processo de alimentação. Segundo os pesquisadores, “os idosos reconhecem que a alimentação equilibrada melhora a saúde e a qualidade de vida. Revelam que a inapetência de alguns está relacionada a comidas que não agradam ao paladar, problemas de saúde e à assistência inadequada durante as refeições”.
De acordo com os especialistas, o estudo contribuiu para identificar fatores psicológicos e sociais que podem concorrer para a maior freqüência de desnutrição entre idosos institucionalizados. “A aceitação das refeições nas instituições de longa permanência para idosos poderá ser melhorada através do planejamento de cardápios que contemplem as preferências alimentares dos idosos e que atendam às suas necessidades nutricionais. É necessários dar atenção especial aos indivíduos que necessitam de alimentação assistida, possibilitando um estado nutricional equilibrado e uma melhor qualidade de vida para estes sujeitos”, ressaltam no artigo.
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Fonte: Agência Notisa (jornalismo científico – science journalism), 16/01/2008.