O tempo passou, o cenário é outro. As mulheres, hoje, se percebem diferentes, se olham, se avaliam e mudam. Cada uma do seu próprio jeito. É, elas querem, não apenas passar pela vida, ela querem mesmo é a vida, beber da fonte, se fartar, aproveitar o tudo e o nada que ela possa ou não oferecer. Um risco? E por que não? De que mulheres falamos?
Falamos daquelas que se negaram a ter uma “vida pacata e sedentária”. Idosas? Sim, são elas, “cada vez mais cheias de saúde e disposição”. Mulheres que fizeram suas escolhas e que constroem projetos alimentados de muita energia e garra para seguir em frente.
É com esse espírito que o “Sesc mais Grupos” desenvolveu com um grupo de dez idosas uma atividade, uma espécie de encontro intergeracional: “Com carinho de avó e habilidade indescritível, elas ensinam, uma vez por semana, tricô e crochê para um grupo de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no Centro de Reeducação Social São Jerônimo, no bairro Horto, em Belo Horizonte. Ensinar outros tipos de artesanato, como bijuterias e fuxico, também faz parte dos planos das idosas”, conta sobre a experiência, Michelle Maia em sua coluna no jornal on line “Hoje em dia”.
Atividades como essas beneficiam os dois lados, todos tem a ganhar em conhecimento, exercício de tolerância, afeto e o essencial: o difícil aprendizado do princípio da troca, aquele, no qual todos saem vitoriosos, úteis e pertencentes a algo e a alguém.
Interessante questionar a razão pela qual as pessoas, ainda, na sua maioria, quando descrevem ações como essas, usam e abusam de frases como “com carinho de avó”. Será que, se a pessoa em questão, não for “avó”, então não haverá carinho envolvido?
Bem, questionamentos a parte, o projeto lembrou dessas mulheres inquietas, “formalmente aposentadas, continuam suas atividades profissionais e físicas e vão além, investem tempo em voluntariado”.
A analista de projetos do Sesc-MG, Gláucia Santos explica: “O voluntariado é muito importante na terceira idade, já que proporciona o resgate do que se sabe e gosta de fazer e liga à sociedade. Assim, elas se sentem úteis e ficam cada vez mais cheias de vitalidade”.
Maria da Conceição Fontoura, de 72 anos, uma das voluntárias afirma: “Comecei a fazer tricô como hobby para distração e preencher o tempo, depois que fiquei viúva. Hoje faço diversas atividades e agora ensino as meninas o que sei. Elas já começaram a fazer cachecóis e florzinhas para enfeitar” (…) “É gratificante. Eu sinto que essa dedicação é recíproca e acabamos ficando amigas”.
Michelle Maia lembra que “especialistas acreditam nessas ações como uma forma de manter pensamentos positivos e a oportunidade da idosa construir o presente, pensar no futuro, sem olhar para o passado”.
Na verdade, acreditamos que esse presente é constantemente reconstruído e ressignificado e o futuro oferta sempre possibilidades. Quanto ao passado, por que esquecê-lo? Em tudo que fazemos existe tanto de passado, do bom, do mal e do mediano. Convivemos com todos eles e buscamos conhecimento suportados por todos eles, também.
Referências
MAIA, M. (2012). Disponível Aqui. Acesso em 22/08/2012.