A História da Arte esmiuçada em memórias em Centro Dia Público

Através de um pout pourri de imagens de momentos significativos, pintadas por diversos artistas, pudemos trazer à tona lembranças vividas intensamente. Nosso encontro começou com uma conversa que veio da seguinte proposta: Contem algo sobre um dia marcante em suas vidas.

Cristiane T. Pomeranz *

 

a-historia-da-arte-esmiucada-em-memorias-em-centro-dia-publicoA História da Arte não é só interessante. Ela pode ser muito mais e eu faço questão de explorá-la esmiuçando todo seu potencial. E se a vida é contada através de memórias, são os momentos marcantes que fazem nossa existência ter algum sentido.

Pensando nisso resolvi propor aos idosos do Centro Dia público que trabalho uma aula de História da Arte diferente.
Através de um pout pourri de imagens de momentos significativos, pintadas por diversos artistas, pudemos trazer à tona lembranças vividas intensamente. Mas eu não poderia começar a aula com as imagens projetadas já que não queria induzi-los a determinadas respostas.

Nosso encontro começou com uma conversa que veio da seguinte proposta: Contem algo sobre um dia marcante em suas vidas.

Antes que eu pudesse falar sobre meus dias cheios de memória e significado, um sopro de felicidade tomou conta do ambiente.

– O nascimento de meus netos!

– Quando estava passeando e começou a chover forte. Fiquei ensopada, mas nunca mais esqueci.

– O dia do meu casamento! Eu casei na roça. Estava linda!

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– O dia que eu conheci meu marido em cima do pé de jaca.

A troca de lembranças acontecia em meio aos dias marcantes por sua felicidade. Claro que uma tristeza ou outra era relembrada ainda com emoção. As tristezas também deixam marcas.

Depois de um tempo de conversa comecei a projetar na parede diversas obras de Arte significantes para o assunto: O Beijo de Gustav Klimt e quem aqui não se recorda de um beijo especial? Cenas de casamento de pintores do romantismo francês que favoreciam o lembrar dos detalhes vivamente retratados. E para conversarmos sobre os momentos vividos em família, Lasar Segall nos emprestou seu talento.

Nossa troca de carinho em forma de dias felizes durou cerca de uma hora. Saí de lá pensando em tudo que havia escutado. E eu que não cresci na roça e que tive a chance de estudar, pude perceber que muito do que eles me falaram também estava em meu repertório.

a-historia-da-arte-esmiucada-em-memorias-em-centro-dia-publicoEncontrar a sombra de uma árvore para nos aliviar do calor, morder uma fruta no pé, um passeio com alguém querido que te faz flutuar como a pintura de Chagall, correr na praia com o cachorro, pular de alegria, abraçar os filhos, subir na árvore, respirar o ar no topo da montanha e tantos outros momentos memoráveis e singelos.

Somos constituídos pelos tempos tocantes que vivemos. Alguns tristes, outros alegres, mas todos inesquecíveis na sua essência. E eu, que corro daqui, corro de lá em busca daquele sei lá o que que me perturba, posso dizer que devo repensar os fatos e o rumo desse caminhar.

Os dias mais felizes que eu vivi, bem como os momentos mais marcantes vividos por aqueles idosos possuem uma coisa em comum: Não custaram nada. Isso mesmo! Foram gratuitos.

E, eu, na minha ignorância socrática do só sei que nada sei, percebo que a felicidade que marca nossas vidas vem assim vestida de roupa de brincar e pés no chão.

O riso pleno, aquele que vem da alma, não custa nada!

* Cristiane T. Pomeranz é arteterapeuta, entusiasta da vida e da arte e mestranda em Gerontologia Social PUC-SP. E-mail: [email protected]

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