O modelo de saúde atual fragmenta o cuidado em diferentes especialidades e serviços.
A clínica farmacêutica identifica essa situação em 99% das pessoas idosas poli medicadas com doenças crônicas. A fragmentação do cuidado é um dos principais desafios que a saúde pública precisa enfrentar, especialmente quando se trata do cuidado à pessoa idosa.
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Este problema se caracteriza pela falta de coordenação entre os diversos profissionais e serviços de saúde, resultando em cuidados desarticulados e ineficazes. As pessoas idosas, frequentemente acometidas por múltiplas condições crônicas, necessitam de uma abordagem integrada e contínua para garantir a eficácia do tratamento e a melhoria da qualidade de vida.
No entanto, o modelo de saúde atual, muitas vezes, fragmenta o cuidado em diferentes especialidades e serviços, sem uma comunicação adequada entre eles. Isso pode levar a diversas consequências negativas, como repetição desnecessária de exames, uso inadequado de medicamentos, e aumento das taxas de hospitalização e re-hospitalização.
Um exemplo claro de fragmentação é quando uma pessoa idosa consulta múltiplos especialistas, cada um focado em sua área específica, mas sem uma visão holística da pessoa. A falta de integração pode resultar em prescrições conflitantes de medicamentos, que podem interagir de maneira prejudicial.
Além disso, a ausência de uma coordenação centralizada pode fazer com que informações cruciais sobre a pessoa idosa se percam ou não sejam compartilhadas entre os diferentes profissionais de saúde.
Para mitigar a fragmentação do cuidado é essencial adotar estratégias que promovam a coordenação e a continuidade dos serviços. A implementação de sistema de informação integradas, que permitam o compartilhamento de dados entre os diversos níveis de cuidado, é fundamental.
Equipes multidisciplinares, compostas por médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde, devem trabalhar de forma colaborativa, com um plano de cuidado centrado na pessoa idosa.
Além disso, o fortalecimento da atenção primária à saúde pode atuar como um elemento centralizador, coordenando e monitorando o cuidado da pessoa idosa em todos os níveis. Programas de gestão de casos, onde um profissional de saúde é designado para acompanhar e gerenciar o plano de cuidado de um paciente específico (farmacêutico clínico integrativo) tem mostrado eficácia na redução da fragmentação e na melhora dos desfechos de saúde.
Enfrentar a fragmentação do cuidado no paciente idoso exige uma mudança de paradigma, passando de um modelo de saúde fragmentado para um modelo integrado e centrado na pessoa idosa. Somente assim será possível proporcionar um cuidado mais eficiente, seguro e humano para a população idosa, promovendo sua autonomia e qualidade de vida.
Em suma, um cuidado fragmentado gera:
– Uso de muitos medicamentos (poli farmácia ou poli medicado);
– Mais complicações de saúde e problemas relacionados aos medicamentos em uso;
– Indefinições de metas e objetivos;
– Menor adesão terapêutica;
– Menor satisfação e qualidade de vida ao paciente idoso.
Foto de Towfiqu barbhuiya/pexels.