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Treino de memória pode prevenir a doença de Alzheimer?

idosa de cabelo curto e branco, segura um tablet

Um dos métodos para prevenção de doenças e promoção da saúde cognitiva se refere ao treino de memória.


Gabriela dos Santos e Thais Bento Lima da Silva (*)

A Doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa complexa, influenciada por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida. A DA é uma das formas mais comuns de demência entre as pessoas idosas e inclui prejuízos para a memória, alterações de comportamento e dificuldade ou incapacidade de realizar atividades de vida diária.

Um dos métodos para prevenção de doenças e promoção da saúde cognitiva se refere ao treino de memória. Esse método envolve um conjunto de atividades e exercícios específicos que têm como objetivo melhorar a capacidade de armazenar, reter e recuperar informações. Essas atividades podem incluir exercícios de repetição, associação, uso de mnemônicos, entre outros.

O treino de memória pode ser realizado tanto com pessoas que não apresentam demência, contribuindo com a reserva cognitiva, quanto com pessoas que apresentam declínio cognitivo patológico, associado, por exemplo, à Doença de Alzheimer. No caso do treino de memória destinado a pessoas com cognição preservada, esse método apresenta-se como fator de prevenção frente a declínios cognitivos.

Outras abordagens, como a estimulação cognitiva (EC), também apresentam resultados positivos para a cognição. Um estudo de revisão sistemática e meta-análise, por exemplo, avaliou os efeitos da EC em pessoas idosas com 65 anos ou mais, tanto cognitivamente saudáveis quanto com comprometimento cognitivo leve ou demência. A pesquisa incluiu 33 estudos na análise final. Os resultados mostram que a EC melhora significativamente o funcionamento cognitivo geral, memória, orientação, praxia e cálculo. Esses achados indicam que a EC pode ser uma abordagem eficaz para promover a saúde cognitiva em pessoas idosas, ajudando a manter e potencialmente melhorar várias áreas da função cognitiva (Gómez-Soria et al., 2023).

Outros aspectos são considerados importantes na prevenção da DA e de outras doenças, sejam elas cognitivas ou não. Um estilo de vida com hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e engajamento social, é fundamental. Além disso, o envolvimento em atividades cognitivamente estimulantes, contribuem de forma significativa com a manutenção das funções cognitivas, como a memória.

Cabe destacar que embora o treino de memória muitas vezes seja associado às pessoas idosas, essa prática pode ser realizada por pessoas de diferentes faixas etárias, impulsionando a reserva cognitiva e contribuindo para um processo de envelhecimento cognitivo saudável.

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Portanto, é possível afirmar que não apenas o treino de memória, mas também outros métodos de estímulo cognitivo, como a estimulação cognitiva e o treino de outras habilidades, contribuem com a saúde da cognição. Além disso, é possível afirmar que outras práticas associadas ao estilo de vida podem auxiliar na prevenção da Doença de Alzheimer e outras patologias.

Referências
Gómez-Soria, I. et al. Cognitive stimulation and cognitive results in older adults: A systematic review and meta-analysis. Archives of Gerontology and Geriatrics, v. 104, p. 104807, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.archger.2022.104807. Acesso em: 02 set. 2024.

Rocha, F. De S.; Chariglione, I. P. F. S.. Episodic Memory and Elderly People: Main Alterations from Different Cognitive Interventions. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 36, p. e3637, 2020.  Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102.3772e3637. Acesso em: 02 set. 2024.

(*)Gabriela dos Santos – Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP), Graduada em Gerontologia pela USP, com Extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca. Membro do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.
Thais Bento Lima da Silva – Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo.

Foto de Anna Shvets/pexels.


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