Muitas pessoas não conhecem ou não entendem a atuação do fonoaudiólogo na velhice. Entretanto, a fonoaudiologia é imprescindível na promoção da saúde do idoso, seja prevenindo o risco de broncoaspirar ou selecionando as próteses auditivas ideais de acordo com a perda auditiva, tão comum entre os idosos.
Natalia Concolato (*)
A cada ano, a população idosa aumenta no mundo e segundo a Organização Mundial da Saúde, até 2025, o Brasil será o sexto país do mundo em população idosa. Por um lado, essa informação é um tanto quanto otimista, pois o envelhecimento populacional está associado a melhorias básicas de saúde, saneamento básico, alimentação, estilos de vida…
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Os dados mostram também que o envelhecimento está associado ao aumento de doenças. Com o passar dos anos, ocorrem alterações fisiológicas no organismo, como dificuldade para andar, ouvir e até mesmo enxergar. Entretanto, pouco se discute sobre as alterações que ocorrem com relação à deglutição. As modificações que acontecem na dinâmica da deglutição podem ser originadas de causas primárias, como oriundas dos efeitos do envelhecimento e, secundárias, que estão relacionadas ao uso de agentes farmacológicos, condições de saúde e neurológicas da população.
Presbifagia e Disfagia
O termo Presbifagia é utilizado para as alterações que ocorrem nessa dinâmica da deglutição durante o envelhecimento do ser humano e, muitas vezes, evolui para uma Disfagia.
Mas o que seria Disfagia? Disfagia é toda e qualquer alteração na dinâmica de deglutição. Seja de uma simples tosse a um engasgo em que a pessoa fica extremamente sufocada parecendo ser uma asfixia. Isso ocorre, pois resulta na entrada de alimento na via aérea, o que pode acarretar problemas pulmonares ou aspiração. Algumas alterações podem ocorrem como déficit nutricional, desidratação (com resultado em perda de peso), pneumonia e mortes.
É interessante salientar que a alimentação está relacionada à vida do brasileiro de uma maneira geral. Quase todas as comemorações estão atreladas a comidas e quando o idoso começa a se privar de participar de reuniões e eventos pela dificuldade de se alimentar; é uma situação angustiante e que pode ser revertida na maioria das vezes.
Sinais da disfagia relacionados ao envelhecimento
A seguir listamosos principais sinais de disfagia que estão relacionados aos efeitos do envelhecimento no corpo, são eles:
– Tosses e engasgos frequentes;
– Alteração no tempo para comer e beber (seja levar mais tempo ou menos tempo);
– Ao se alimentar haver mudanças no tom da voz após a alimentação;
– Perda de peso;
– Pneumonias de repetição;
– Refluxo nasais e orais; e
– Excesso ou falta de saliva
Observar se o idoso começou a ingerir líquidos mais do que o de costume durante a alimentação é fundamental.
O que fazer quando perceber esses sinais?
O profissional habilitado para prevenir, avaliar e reabilitar as disfagias (orofaríngeas, neurogênicas e mecânicas) é o fonoaudiólogo. A conduta terapêutica pode variar de acordo com o tipo e gravidade da disfagia. Alterações na consistência da comida, recursos terapêuticos e terapia são as alternativas mais adequadas. Nos casos mais graves o fonoaudiólogo pode sugerir uma via alternativa de alimentação como a sonda nasoenteral ou gastrostomia. Em casos mais complexos, também se faz necessário um atendimento multidisciplinar com profissionais como médicos gastroenterologistas, nutricionistas, fisioterapeutas respiratórios, entre outros.
Por fim, é importante é entender que a avaliação clínica da deglutição possui baixo custo, é rápida, não invasiva e que quanto antes iniciar o tratamento melhor e mais rápido será o prognóstico.
(*) Natalia Concolato – Fonoaudióloga formada na UFRJ, pós-graduada em fonoaudiologia hospitalar e cursando o mestrado em Psicogerontologia pela Faculdade Educatie. Atua com idosos dentro da área da fonoaudiologia. E-mail: [email protected]
Foto destaque MART PRODUCTION/Pexels
