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Família é tudo, né?

Neta entrevista seus avós sobre suas vivências de isolamento causadas pela pandemia. Para eles, o apoio da família foi muito importante.

Ana Clara Martins (*)


Esta entrevista com meus avós é resultado de um trabalho realizado na eletiva “Velhos nas peças de teatro”, ministrada pela professora Ruth Gelehrter da Costa Lopes no curso de Psicologia da PUC-SP. Com a pandemia, a eletiva precisou fazer adaptações. Assim, na I etapa, de acolhimento, a professora Ruth pediu aos alunos que olhassem para os velhos em torno da gente (pais/avôs/vizinhos), ou seja, para os velhos da família ampliada, e fizessem algumas perguntas que elaboramos em sala de aula.  

Segue a entrevista que fiz aos meus avós, O., de 82 anos, e M., 79 anos sobre suas vivências nestes tempos de pandemia.

Vocês acham que o isolamento está colocando mudanças no estilo de vida de vocês?

M: Xi, tá ruim pra danar, como que faz pra falar?

O: De uma forma ou de outra a gente tem que se adaptar, se quiser se proteger, né? Tem que ficar em casa. É o que recomendam pra gente. Então tem que obedecer o que os caras estão falando.

E vocês acham vão levar alguma coisa positiva da quarentena?

O: É, eu espero que mude as coisas para melhor né? Depois (…) Depois que terminar toda essa pandemia a gente aprenda novos costumes né? De usar máscara, de se proteger mais.

Como vocês tem se sentido (Você também vovó) na quarentena?

M: Ah, tá meio chato mas tem que levar né? Não tem como, mas tá indo bem.

E você vôvis?

O: Eu acho que pra nós a vinda de vocês (eu e minha mãe) pra cá tá ajudando muito. Porque se a gente tivesse sozinho, aí seria muito pior.

M: Aí ficou três pra cuidar da gente.

O: não, e tem a L. que vai comprar tudo né? Têm vocês aqui, numa emergência qualquer, então a gente se sente mais tranquilo. Se não fosse isso, talvez a gente tivesse a expectativa, a expectativa da gente seria pior né?

Vocês estariam mais ansiosos né?

O: Exatamente

Vocês acham que o tempo tem passado diferente? As horas têm passado mais rápido ou mais devagar pra vocês?

M: Mais rápido né? Bem mais rápido.

O: É, pra mim no meu caso, passa muito mais rápido, porque eu sempre arrumo uma coisa pra fazer. A sua avó que nem estava lendo, agora tá lendo também. Tá passando mais o tempo. Então isso é muito bom.

Se vocês pudessem escolher um lugar pra ir agora, pra onde vocês iriam?

O e M: (Risos)

M: No restaurante (risos)

Qual deles? (risos)

M: Aiai, no Rong He (São Paulo) né?

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O: É, o Rong He é uma boa né? Mas tem que ficar né? Não pode (…) Não pode sair, vamos ficando. Tem quem abasteça a gente aqui em casa.

E a gente faz umas comilanças diferentes

O: O que é mal é que a gente tá comendo muito né?

M: Ah eu não acho que “tá” comendo demais não.

Porque vóvis?

Ah eu não acho que é demais. (…) talvez o pão seja mais, né? A comida é igual.

Eu vou fazer essa pergunta como ultimato (risos), mas a convivência constante com a gente, né, com a família, tem sido um incômodo ou alívio?

O: Nah, um alívio.

M: Ah família é tudo, né A.? Nessa hora…

O: É…

M: tem titio, tem sobrinha. Tem neta, tem (…) outra filha.

(risos)

M: Filho, filha, neta.

O: Tem até uma gata!

M: é, tem uma gatinha.

Tem uma gata-neta (risos)

M: Ah, a gata tem que pôr também.

O: (risos)

M: O bichinho agrada a gente, né? Muda a gente.

(*) Ana Clara Martins Aluna do 5º período da graduação do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Trabalho escrito na disciplina “Velhos nas peças de teatro”, ministrada pela profa. Ruth Gelehrter da Costa Lopes. Email: anacmvo@gmail.com

Foto destaque de Maryia Plashchynskaya/Pexels


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