Se um novo tratamento ou medicamento médico é para ser usado na população em geral que precisa dele, então o medicamento deve ser testado em todos os sexos e etnias.
Falamos que a humanidade é diversa, heterogênea e complexa. No entanto, essa diversidade, heterogeneidade e complexidade não estão presentes nos medicamentos que tomamos, seja para a gripe, dengue, diabetes, Alzheimer, Parkinson… Katheleen Doheny comenta no artigo Diversity in Medical Research que a diversidade na pesquisa médica tem sido um ponto de concordância e discussão há décadas. Há um esforço para alcançar toda a população por parte de alguns laboratórios, mas falta muito para chegar lá.
Katheleen Doheny escreve que os sintomas e a incidência de doenças cardíacas, câncer e diabetes não são os mesmos de maneira geral e que por isso é crucial representar todas as raças e etnias. Portanto, as pesquisas deveriam ser compostas por grupos diversos. Do contrário não há como saber se um tratamento será de fato eficaz em toda a população… Ou se em algumas pessoas o medicamento terá efeitos colaterais graves, até fatais, como anti-inflamatórios, analgésicos, relaxantes musculares e antibióticos.
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Os anti-inflamatórios, medicamentos que para a população em geral são banais e muito consumidos, podem ser uma droga fatal para quem pode ter reações alérgicas. Ou deixar a pessoa com sérios problemas.
No ano passado uma nota da imprensa nacional noticia que uma moradora de Taguatinga (DF) espera há quase sete anos para receber R$ 1 milhão do laboratório, fabricante da Novalgina. A batalha da moradora começou em 2007, quando ela desenvolveu a síndrome de Steven Johnson (uma reação imprevisível a um medicamento) depois de tomar um comprimido do medicamento, cujo princípio ativo é a dipirona.
Ante isso, como os laboratórios estão inserindo a diversidade nos diversos medicamentos que estão sendo produzidos e exportados para o mundo todo?
Karen Winkfield, diretora do Office of Cancer Health Equity da Wake Forest Baptist Health em Winston-Salem, Carolina do Norte assinala que é importante chamar a atenção para os problemas. Ela também é membro do comitê da Stand Up To Cancer para uma equidade saudável em ensaios clínicos de câncer, uma organização sem fins lucrativos que levanta fundos para acelerar o ritmo da pesquisa. Ela acabou de anunciar um novo requisito: todos os pesquisadores que procuram fundos devem incluir e abordar questões em suas propostas relacionadas ao recrutamento e retenção de pacientes de grupos étnicos. Os pesquisadores “serão forçados a ir para onde nunca foram antes”, diz Winkfield.
No artigo, Katheleen Doheny nos dá um panorama sobre em que pé está a situação:
1) Menos de 10% dos inscritos em ensaios clínicos são minorias, de acordo com algumas estimativas.
2) Os participantes negros e hispânicos estão constantemente sub-representados em estudos sobre drogas contra o câncer, especialmente em comparação com quantos são diagnosticados com os cânceres específicos em estudo, segundo uma análise que revisou os anos de julho de 2008 a junho de 2018. Apenas 3,1% dos participantes eram negros; apenas 6,1% hispânicos.
3) Pacientes mais velhos e mulheres geralmente são sub-representados em ensaios de insuficiência cardíaca, uma análise avaliou mais de 215.000 pacientes inscritos em estudos de 2001 a 2006. Os participantes não brancos aumentaram de 22% para 30%; em alguns estudos, as mulheres representavam 62% dos participantes, mas em outros apenas 29%.
Por fim, Katheleen Doheny aponta que a falta de diversidade afeta a pesquisa de medicamentos, bem como tratamentos para câncer, doenças cardíacas, diabetes e outras doenças. Mas pesquisas reconhecem que há avanços, e entre eles está a inclusão de mais mulheres e pessoas de cor na pesquisa, de acordo com a Lei de Revitalização dos Institutos Nacionais de Saúde (1993). No entanto, o que não se sabe é quanto a questão do sexo, idade, raça, etnia são de fato incluídos nos ensaios clínicos.
Foto destaque: Ready Made
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