Discussão sobre previdência social rural e a permanência no campo dos idosos, contexto jurídico e social do idoso, produção científica na área do envelhecimento no Brasil, a importância de instrumentos padronizados nos estudos sobre diversos aspectos do envelhecimento, a questão do corpo do idoso, interação social e o número de pessoas com que o idoso convive, redes sociais e geratividade, e a compreensão sobre o processo de envelhecer, são alguns dos temas tratados na edição esta revista.
Adriane Ribeiro Teixeira e Sergio Antonio Carlos *
Mais um ano de intenso trabalho na construção de Estudos Interdisciplinares sobre o Envelhecimento. Contamos com a colaboração de pesquisadores de vários países e, do Brasil, de diversos estados. Todos preocupados com as questões do envelhecimento. O número de submissões nos levou a tomar a decisão de, em 2014, ampliar o número de artigos para 17 por edição. A revista que era semestral passou a quadrimestral. Assim, neste ano, com esta edição, estamos completando a publicação de 51 artigos. Para que estes fossem publicados, contamos com a parceria de diversos consultores ad hoc de universidades brasileiras e estrangeiras, que emitiram mais de 102 pareceres. A todos, nossos agradecimentos.
Fruto deste trabalho, estamos apresentando o número 3 do volume 19, referente ao mês de dezembro de 2014.
Iniciamos com a discussão sobre previdência social rural e a permanência no campo dos idosos da região carbonífera de Santa Catarina. O segundo artigo traz o resultado de uma pesquisa sobre o contexto jurídico e social do idoso, verificando os avanços do Estatuto do Idoso, que afirma que não cabe ao Estado interferir na autonomia da pessoa idosa, já que envelhecimento não é sinônimo de incapacidade.
A produção científica na área do envelhecimento no Brasil é analisada em dois artigos. O primeiro analisa os “Grupos de Pesquisa em Atividade Física e Envelhecimento no Brasil”, mostrando que existe um gradativo aumento destes, mas, sua distribuição entre as regiões brasileiras ainda é desigual. O segundo artigo analisa as teses e dissertações produzidas, de 2001 a 2009, em Programas de Pós-Graduação em Serviço Social de três Universidades públicas do estado do Rio de Janeiro; as autoras afirmam que “a categoria ainda não se apropriou significativamente da temática, existindo mínimas produções sobre o envelhecimento”.
A importância de instrumentos padronizados nos estudos sobre diversos aspectos do envelhecimento já é reconhecida há bastante tempo. O primeiro artigo desta temática tem por objetivo “revisar os progressos realizados no campo da construção e validação de instrumentos de rastreamento e avaliação de violência contra a pessoa idosa”. Dos onze instrumentos estudados, as autoras identificaram que somente dois passaram por processo de adaptação e validação no Brasil. O segundo estudo teve como objetivo “desenvolver uma prova para avaliação dos componentes da memória, denominado Elder Memory Test”.
Seguem dois textos que discutem mais a questão do corpo do idoso. “Corpo e Envelhecimento” mostra o trabalho junto a uma Universidade Aberta à Terceira Idade e a concepção negativa do corpo trazida pelos idosos, bem como a dificuldade em reverter tal situação. Já “Reflexões sobre menopausa, incontinência urinária, sexualidade e envelhecimento” mostra que, nas histórias de vida das idosas estudadas, “o corpo e o envelhecimento se entrecruzam e se misturam, assumindo novos contornos e configurando inúmeras possibilidades de viver, envelhecer e cuidar de si”.
Em “Envelhecimento dos produtores no meio rural na região do Alto Jacuí/RS e consequente migração para a cidade”, os autores afirmam que as diferenças de infraestrutura e de serviços que o idoso necessita entre o meio rural e urbano, principalmente de saúde, “faz com que ele busque fora do meio rural esta tranquilidade”.
A interação social e o número de pessoas com que o idoso convive são importantes para “uma percepção do seu bem-estar subjetivo e para sua capacidade funcional”; é a conclusão do estudo “Bem-estar subjetivo, funcionalidade e apoio social em idosos da comunidade”.
No estudo “Redes sociais e geratividade: a experiência do programa idosos on-line”, foi constatado que os idosos com mais de 70 anos, que possuíam computador com acesso à internet em casa, perceberam “as redes sociais como ferramentas para comunicação, conhecimento e interação com o mundo. Identificou-se que as redes sociais podem contribuir para a presença, o fortalecimento, e a busca de ações ou atitudes que favorecem a geratividade.”
Já o artigo “A compreensão da velhice e do envelhecer na voz dos profissionais de saúde da família” objetiva conhecer a percepção que estes profissionais têm do processo de envelhecimento. Trata-se de um recorte da pesquisa “O cuidado à pessoa idosa na ótica de profissionais da Estratégia de Saúde da Família”.
Estudar a perspectiva dos usuários, dos profissionais e dos gestores sobre a acessibilidade de idosos com deficiência física aos serviços de saúde primária é o tema do artigo “Acessibilidade de idosos com deficiência física na atenção primária”.
A “Avaliação do risco de internação hospitalar de idosos da comunidade no município de Porto Alegre” busca identificar o Risco de Internação hospitalar em idosos do município de Porto Alegre.
Estudar a posição de pessoas idosas em episódios de discriminação social etária e o seu impacto negativo é o que buscam os autores de “Alguns apontamentos sobre o idadismo: a posição de pessoas idosas diante desse abraço à sua subjetividade”.
Encerramos a seção de artigos trazendo um estudo sobre “A percepção dos gestores brasileiros sobre os Programas de Preparação para a Aposentadoria”, onde os autores mostram que a grande maioria das organizações estudadas não adotam estes Programas, e atentam para a necessidade de “sensibilizar os gestores”.
A seção Espaço Aberto, fechando este número da revista, traz o relato do projeto de extensão “Direitos Sociais Protagonismo e Exercício da Cidadania na Terceira Idade”, desenvolvido junto ao Programa Universidade Aberta para a Terceira Idade (UNITI), no Polo Campos dos Goytacazes, da Universidade Federal Fluminense.
Este número só foi possível com o apoio institucional recebido através do Programa de Editoração de periódicos, bem como do serviço da Gráfica da UFRGS.
Esperamos que os artigos que ora publicamos contribuam para a ampliação do conhecimento sobre a temática do envelhecimento. Boa leitura!
A revista pode ser lida na íntegra Aqui
* Adriane Ribeiro Teixeira e Sergio Antonio Carlos são os editores da revista Estudos Interdisciplinares sobre o Envelhecimento, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. ISSN: 1517-2473 (impresso) e 2316-2171 (eletrônico). Qualis Capes 2013, área interdisciplinar: B1.