Maria Cristina Guapindaia Carvalho, psicóloga e ex-aluna do Pós em Gerontologia da PUC-SP, foi premiada no 7º Congresso Paulista de Geriatria e Gerontologia, que aconteceu entre os dias 14 e 16/4, em Santos (SP). O trabalho Estresse nos cuidadores e as variáveis envolvidas na tarefa de cuidar de um idoso dependente foi classificado em 2º lugar na categoria “Apresentação oral – Gerontologia”.
O trabalhado premiado baseou-se em sua pesquisa de mestrado, a qual buscou identificar sintomas psiquiátricos menores e sofrimento mental, depressão e estresse nos cuidadores familiares de idosos dependentes da Clínica de Geronto-Geriatria do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo.
O estudo
O estudo, transversal e prospectivo, foi realizado no período de julho a dezembro de 2009. Ali foram avaliados 69 cuidadores de idosos dependentes atendidos na clínica. Guapindaia Carvalho aplicou um questionário de caracterização dos idosos e de seus cuidadores e variáveis relacionadas à tarefa de cuidar. Aplicou também escalas de Katz e Lawton, Inventário de Zarit, SRQ-20 (Self Report Questionnaire) e Escala de Depressão Hamilton-21.
Maria Cristina Guapindaia Carvalho, em sua apresentação oral relata que os resultados de sua pesquisa apontam que os idosos apresentaram média de dependência nas ABVDS de 3, 52 e 11,04 nas AIVDS. Os cuidadores apresentaram idade média de 58,72 anos, mas com uma grande variância, pois parte da amostra era de filhos e outra de cônjuges.
Quanto ao tempo diário destinado à prática de cuidar, 18, 84% dos entrevistados afirmaram cuidar em média 7 horas ao dia, e estavam nesta função em média há 54, 17 meses (4 anos e seis meses). Sobre quais alterações de comportamento ou características dos idosos que mais os incomodavam, 73, 91% deles apontaram a teimosia, 65,22% citaram a dependência e 87% mencionaram a perseveração.
Sobre relacionamento anterior, 93% dos cuidadores classificaram como boa a relação prévia com seu familiar dependente, 34, 78% como razoável e 14, 49% como péssima. Quanto ao estresse, 44, 93% cuidadores apresentaram sobrecarga moderada, 34,78% sobrecarga moderada a severa e 20, 29% pontuaram como estresse leve.
Em relação à presença de distúrbios psiquiátricos menores, 68, 12% dos cuidadores apresentaram algum grau de sofrimento mental e todos pontuaram como leve na escala de depressão Hamilton-21.
Através do uso do modelo de regressão normal linear destacou-se que a dependência, a perseveração, o uso de antidepressivos e relação previa ruim aumenta o estresse do cuidador.
Em contrapartida, quando a relação anterior entre cuidador e idoso é boa ou razoável o estresse é menor. Em relação ao sofrimento mental, quando o fator dependência estiver presente aumenta em 9 vezes a chance do cuidador apresentar sofrimento mental.
Conclusão
A pesquisa demonstrou índices significativos de sintomas psiquiátricos e depressão nos cuidadores e destacou a dependência do idoso como fator que aumenta em 9 vezes a chance do cuidador apresentar sofrimento mental ou distúrbios psiquiátricos menores. Da mesma forma, comportamentos preseverativos, o uso de antidepressivos e relação prévia ruim entre ambos, aumentam as estimativas de estresse do cuidador.