Ecléa Bosi fala sobre a pluralidade do perfil de idosos que recorrem às aulas, destacando, sobretudo, a oportunidade que muitos têm de estudar pela primeira vez. “O que eu acho mais importante nesse projeto é a convivência do jovem com esse idoso que às vezes é um trabalhador manual, pedreiro ou doméstica, pessoas com quem ele têm convivido, mas que têm servido a ele. De repente, eles estão juntos procurando conhecimento, fazendo trabalhos, seminários e trocando ideias, tudo isso é muito valioso”, afirma.
Redação USP
A repórter Miriam Ramos, da Rádio USP, conversou com Ecléa Bosi, professora emérita do Instituto de Psicologia (IP) da USP e idealizadora do projeto Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI), criado há 23 anos. Mantido pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP, o principal objetivo do projeto é trazer a troca de experiência entre o jovem e o idoso com a formação e aprimoramento constante para a terceira idade por meio da aquisição de novos conhecimentos.
Na entrevista, a docente fala sobre a pluralidade do perfil de idosos que recorrem às aulas, destacando, sobretudo, a oportunidade que muitos têm de estudar pela primeira vez. “O que eu acho mais importante nesse projeto é a convivência do jovem com esse idoso que às vezes é um trabalhador manual, pedreiro ou doméstica, pessoas com quem ele têm convivido, mas que têm servido a ele. De repente, eles estão juntos procurando conhecimento, fazendo trabalhos, seminários e trocando ideias, tudo isso é muito valioso”, afirma.
Ao ser questionada sobre a inclusão social dos idosos atualmente, a professora declara que, apesar de muitos procurarem estar sempre atualizados diante dos acontecimentos ao seu redor, o estigma perante o envelhecimento situa-se como um grande empecilho para a sociabilização das pessoas mais velhas.
Ouça a entrevista na íntegra Aqui
Princípios da UnATI
A Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI) iniciou as suas atividades em 1994, antecipando-se à promulgação do Estatuto do Idoso, cujo capítulo V, artigo 25, reza textualmente: “O Poder Público apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas idosas (…)”. O principal objetivo do programa é possibilitar ao idoso o aprofundamento de conhecimentos em áreas de seu interesse. Atendendo aos critérios da ONU e UNESCO, prioriza-se a idade a partir de 60 anos.
Do ponto de vista quantitativo, tal expansão reflete a presença da USP na teia demográfica da metrópole, onde a faixa de idosos cresce a olhos vistos. Do ponto de vista da qualidade do programa, o seu êxito tem a ver com a constância dos três princípios que o norteiam.
No primeiro princípio, vigora o ideal de abertura a mais ampla possível. Ao idoso não se pede senão o seu desejo de aprender. A escolha das disciplinas é livre, como é livre nossa constelação de interesses quando nos libertamos da rotina da sobrevivência.
O segundo refere-se ao ideal da convivência dos idosos com os alunos de graduação. É o oposto da discriminação verificada na sociedade: moços de um lado, velhos de outro. Neste sentido, a UATI é renovadora, pois os idosos compartilham as mesmas classes com os alunos regulares. A experiência tem revelado que os jovens saem enriquecidos, afetiva e intelectualmente, desse convívio com pessoas maduras e motivadas tão só pela paixão do saber.
Por fim, o terceiro princípio é a gratuidade, valor próprio de uma instituição que timbra em manter a sua função pública.
O Universidade Aberta à Terceira Idade está presente em todos os campi da USP e, para participar, basta ter mais de 60 anos de idade. Mais informações: (11) 3091-9183, email [email protected], site Acesse Aqui