Para o ministro da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, sim. Segundo ele, o país passa por um momento de transição demográfica, em que a população está envelhecendo, mas que ainda se aposenta cedo. A média de aposentadoria hoje é 54 anos. Para ele é um equívoco. E por falta de informação as pessoas acabam tomando medidas que são prejudiciais a elas próprias.
O ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, ressaltou durante a cerimônia de abertura da 2ª Semana Nacional de Educação Financeira, a importância da educação financeira no planejamento das famílias, e criticou pontos do modelo previdenciário atual. O evento foi organizado pelo governo mais instituições privadas para promover a educação financeira e previdenciária dos brasileiros
Segundo ele, “Educação financeira não é culto ao dinheiro. É mecanismo, a gente usa isso. Por mais que a gente não goste da sociedade como ela é, consumista, egoísta, é uma ferramenta para lidarmos melhor com o dinheiro. Precisamos disso no dia-a-dia”. Ele reconhece que, apesar do acelerado processo de envelhecimento da população, as pessoas se aposentam cedo. “A expectativa de sobrevida está batendo 84 anos, e a sociedade brasileira ainda tem como premissa que deve se aposentar aos 50. A média de aposentadoria hoje é 54 anos. Tem um equívoco aí. Por falta de informação, as pessoas acabam tomando medidas que são prejudiciais a elas próprias”, comentou à mídia nacional.
De acordo com o ministro, embora o sistema previdenciário brasileiro seja um dos mais inclusivos do mundo, é necessário fazer mudanças. Por isso ele defende a educação financeira para que o brasileiro aprenda a poupar mais e se precaver na velhice. Para ele, a educação financeira deve ser inserida nas escolas e incluída na sociedade, pois “não haverá estratégia de sucesso se o poder público não entrar”.
Mudanças na Previdência
O que mudar na previdência? Há muitas opiniões a respeito, uma delas, de Fabio Giambiagi, aponta para mudança urgente no sistema de concessão de benefícios, como as alterações em estudo pelo Rioprevidência. Ele é autor de diversos livros sobre a temática. Segundo ele, o governo deve “deixar de se acovardar” diante da gravidade da questão previdenciária. As regras, que eram “incrivelmente generosas no passado” são hoje “absurdas”, por causa do envelhecimento da sociedade brasileira, e aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho.
Leia parte da entrevista que ele deu sobre o tema para o jornal ODIA e reproduzidas pelo Blog Previdência Já:
Como o senhor avalia o envelhecimento da população para os próximos anos e de que forma isso vai refletir nos gastos públicos que dizem respeito ao pagamento de benefícios, como aposentadoria e pensão por morte?
A sociedade brasileira está envelhecendo por duas razões. Primeiro, porque as pessoas vivem mais, o que merece ser saudado por todos. E, segundo, porque nasce cada vez menos gente, o que não é tão bom, mas é um fenômeno inexorável e que se relaciona com um fator extremamente positivo, que é a participação crescente das mulheres no mercado de trabalho. O fato é que a combinação dessas duas coisas gera um aumento da idade média da população e um incremento da proporção de idosos. Quando o número destes cresce a taxas elevadas, as autoridades se defrontam com um desafio fiscal importante. Isso está acontecendo no mundo inteiro, mas aqui é potencializado pela benevolência de nossas regras de concessão de benefícios, que se encontram entre as mais generosas do mundo. Quando digo que no limite uma pessoa pode se aposentar no Brasil com 45 anos, meus amigos do exterior não acreditam.
Reforma previdenciária é um tema que assusta o trabalhador, mas defendido pelos governos, que também relutam em assumir uma nova postura. Por que é difícil o ente público como um todo assumir que é necessário implementar mudanças no sistema previdenciário?
Por uma razão óbvia: as autoridades não fazem o que elas são pagas para fazer, que é zelar pela sustentação de longo prazo do sistema e explicar as políticas ao público. Se um monte de gente critica o fator previdenciário e o ministro da Previdência, encarregado de aplicar a legislação do fator, vai a público e diz que o fator é ruim, como é que se pode esperar que o cidadão comum entenda a lógica do fator? Chame 10 expositores, peça a 10 expositores num seminário criticar alguma política e depois faça uma enquete entre o público para avaliar se alguém apoia essa política. É óbvio que não. As autoridades precisam deixar de se acovardar diante da gravidade da questão previdenciária, parar de adotar a política de avestruz que estão adotando há anos diante da gravidade do problema, deixar de tergiversar e vir a público explicar os números e a realidade nua e crua, que é preocupante: a conta está ficando cada vez mais pesada. Há quase 25 anos que eu venho debatendo estas questões, já fui xingado, vaiado, etc. Mas uma coisa a vida me ensinou: nunca se deve subestimar a capacidade de compreensão das pessoas. Fale de questões duras, desagradáveis para as pessoas, mas fale claro e com franqueza e elas vão entender.
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Referências
HORTO, Alessandra. “Será avanço aprovar as mudanças na Previdência”, diz especialista. Disponível