Portal: Fale um pouco sobre seu trabalho
Na Pastoral fazemos um trabalho sério, de acompanhamento a idosos, principalmente os acamados, porque quando um idoso, que estava no hospital, recebe alta: o problema se torna da família. É uma luta. Relatamos a visita, e procuramos ajudar da melhor maneira possível, porque a Pastoral, em si, não oferece quase nada. Agora como conselheira do idoso soube que vai ter uma verba, e gostaríamos que essa verba seja aproveitada da melhor maneira possível. Se vier uma verba da prefeitura, tem o pessoal que joga vôlei, faz campeonatos, que tomam a frente para serem beneficiados. Eu questionei, disse que o idoso acamado não pode fazer nada disso. A gente tem que ter essa consciência. Eu posso, mas tenho que lembrar aquele que não pode. É preciso ter esse acompanhamento, por exemplo, tem idoso que tem sua aposentadoria, mas o próprio parente não faz nada para o idoso; ele pega o dinheirinho dele, dá o mínimo do mínimo para o idoso e o restante fica com ele. A gente procura trabalhar nesse sentido. Eu posso ter um lazer, mas ao mesmo tempo contribuir para aquele que não pode. A gente faz campanha pela Pastoral para arrecadar fralda e alimento para o idoso acamado, e não é justo que quando a Prefeitura receber a verba esse dinheiro não beneficie todos os idosos, acamados ou não.
Bernadete Oliveira, da Redação Portal
Portal: Fale sobre o Serviço de Saúde
Teve um caso de um idoso que fez o teste de diabete, deu alterado e ele pegou o remédio no posto de saúde e o tomou. Ele começou a se sentir mal. Para você ver como eles não explicam, só dão o remédio. Perguntei a ele: o que estava tomando e cadê a receita? Fui ver, ele estava tomando o remédio de pressão alta para diabetes. Porque ele não foi informado que o remédio para diabete estava em falta e que aquele que ele tinha recebido no posto era o de pressão alta. Ele estava tomando três vezes o remédio da pressão. Fui ao posto com ele e falei: vocês deveriam ter explicado para ele, pois está tomando remédio errado. Foi um risco. Mas ele também não obedece aos médicos e come de tudo.
Portal: Em 2030, como atingir um atendimento eficiente e bom para o idoso?
Com consciência política. Não adianta falar que não gosta de política, mas a gente tem que participar, para estar por dentro de tudo. Tudo envolve política, seja a política nacional como a política de uma Ong, para você direcionar os trabalhos. É vontade política, não tem outra coisa. Em 2030, queria dizer, tem tudo nesse lugar, temos um prédio maravilhoso. Vejo o exemplo no Grande ABC: aquela praça com aparelhos para o idoso ir, na hora que quer, e num prédio só para idoso.
Portal: Fale como a Sra. gostaria de ser cuidada em 2030?
Com todo carinho, principalmente na família, porque família é tudo. Se a família não cuidar, o que eu duvido, porque minhas noras gostam muito de mim, mas eu tenho muitos amigos, que falam, eu te levo junto comigo, e eu já falei, não quero ir para casa de repouso, eu quero estar em família.
Portal: Divina por ela mesma:
Gosto: de celular, Internet e viajar.
Rede social: importante senão morre de depressão. A gente passou dos cinquenta tem que ter uma rede de amigos, não adianta ser mal-humorada. Tem que ter atividade.
Em casa: tudo bem, apenas um espinho: um neto com vinte anos que não vê sentido na vida, não faz nada.
Viúvas: vivam, não passem a vida cuidando dos outros. Já fizeram pelos filhos. Batalhem por si mesmas.
Mensagem para o Brasil: O que tem aqui de bom são as pessoas. Pessoas voltadas para o melhor da cidade e para todos. Mesmo Itapecerica sendo uma cidade dormitório que não tem nada, lazer, cinema, o que vale é a amizade das pessoas.