Diagnóstico de demência e cuidar interdisciplinar

Diagnóstico de demência e cuidar interdisciplinar

A diretriz enfatiza a importância de envolver as pessoas com demência, juntamente com suas famílias e cuidadores, nas decisões sobre seus cuidados e em ouvir suas opiniões. Não há como cuidar com apenas o olhar de uma disciplina, sempre é preciso um cuidar interdisciplinar.

 

Após 10 anos sem revisão, o Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidados (NICE), referência em cuidados baseados em evidências científicas para o mundo médico, atualizou sua diretriz sobre diagnóstico, tratamento e apoio para pessoas com demência na Inglaterra. Estima-se que mais de 850 mil pessoas no Reino Unido foram diagnosticadas com demência e que este número deve praticamente dobrar nos próximos 30 anos.

As recomendações do NICE seguem as orientações publicadas recentemente sobre cuidados de demência do Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido, reforçando que não há como cuidar de pessoas idosas, principalmente as pessoas com demência, com apenas o olhar de uma disciplina, sempre é preciso um cuidar interdisciplinar.

Para o diagnóstico de demência, a diretriz destaca que este deve sempre basear-se em um histórico médico detalhado que inclua sintomas cognitivos, comportamentais e psicológicos, e como estes afetam a vida diária da pessoa. A informação deve vir sempre da própria pessoa suspeita de ter demência e, se possível, de um membro da família ou de outra pessoa que a conheça bem.

É ressaltado a importância dos exames laboratoriais como ferramentas para diagnosticar e tratar demências secundárias reversíveis e a importância da utilização de testes cognitivos validados (que, embora normais, nem sempre excluem o diagnóstico).

A diretriz destaca a necessidade de uma investigação detalhada sobre os medicamentos que a pessoa utiliza, pois vários medicamentos comumente prescritos à idosos podem estar associados ao comprometimento cognitivo, sendo portanto causas de quadros reversíveis, bastando sua retirada.

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Comentando sobre a nova diretriz, o Dr. Matthew Norton, diretor de política e estratégia da Alzheimer’s Research United Kingdom, disse:

Ainda precisamos de formas mais confiáveis ​​de detectar doenças como a doença de Alzheimer, e é por isso que é crucial continuar a pesquisa para desenvolver melhores ferramentas de diagnóstico.

A importância dos cuidados centrados na pessoa é destacada pela diretriz, bem como a necessidade de apoio ao cuidador.

Quanto ao tratamento farmacológico, não ocorreram mudanças na diretriz, devendo a memantina continuar reservada apenas para utilização em casos de demência moderada a grave e não para casos leves. Os anticolinérgicos continuam indicados, mas não para casos cujo diagnóstico é apenas de comprometimento cognitivo leve.

A diretriz enfatiza a importância de envolver os portadores, juntamente com suas famílias e cuidadores, nas decisões sobre seus cuidados e em ouvir suas opiniões. Deve-se fornecer informações também precisas sobre o tipo de doença e o prognóstico de tal forma que esta informação possa ser compreendida pela pessoa recém-diagnosticada e devem incluir a necessidade de planejamento antecipado de cuidados e o acesso a serviços de apoio locais.

A avaliação da segurança domiciliar e outras necessidades de autocuidado devem ser realizadas, usando calendários, relógios e gráficos para ajudar na orientação; usando iluminação para reduzir a confusão e inquietação à noite; e garantir que o meio ambiente seja seguro, removendo móveis desnecessários. Se uma diretiva antecipada de vontade ou testamento vital não tiver sido preparada, esses documentos e outras discussões de final de vida devem ocorrer, resssalva a diretriz, sempre com participação do interessado.

Fontes:
https://bestpractice.bmj.com/topics/en-us/317
https://www.medscape.com/viewarticle/898435?src=soc_fb_180623_mscpedt_news_mdscp_ukdementia&faf=1

 

Maria Elisa Gonzalez Manso

Médica e bacharel em Direito, pós-graduada em Gestão de Negócios e Serviços de Saúde e em Docência em Saúde, Mestre em Gerontologia Social e Doutora em Ciências Sociais pela PUC SP. Orientadora docente da LEPE- Liga de Estudos do Processo de Envelhecimento e professora titular do Centro Universitários São Camilo. Pesquisadora do grupo CNPq-PUC SP Saúde, Cultura e Envelhecimento. Gestora de serviços de saúde, atua como consultora nas áreas de envelhecimento, promoção da saúde e prevenção de doenças, com várias publicações nestas áreas.

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Maria Elisa Gonzalez Manso

Médica e bacharel em Direito, pós-graduada em Gestão de Negócios e Serviços de Saúde e em Docência em Saúde, Mestre em Gerontologia Social e Doutora em Ciências Sociais pela PUC SP. Orientadora docente da LEPE- Liga de Estudos do Processo de Envelhecimento e professora titular do Centro Universitários São Camilo. Pesquisadora do grupo CNPq-PUC SP Saúde, Cultura e Envelhecimento. Gestora de serviços de saúde, atua como consultora nas áreas de envelhecimento, promoção da saúde e prevenção de doenças, com várias publicações nestas áreas.

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