A desprescrição não é o fim do uso de medicamentos, mas o início de um cuidado mais consciente.
CONFIRA TAMBÉM:
A desprescrição é um processo clínico baseado em evidências que visa revisar, reduzir ou até suspender medicamentos quando os riscos do tratamento superam os benefícios para o paciente. Longe de ser contra o uso de medicamentos, o foco está no equilíbrio: prescrever quando necessário e desprescrever quando possível, sempre priorizando a saúde integral do indivíduo.
Nosso objetivo, enquanto profissionais de saúde, deve ser medicar menos os sintomas e tratar mais a saúde. Isso implica uma abordagem mais profunda, que vai além do alívio imediato e considera os seguintes aspectos:
1. Bioquímica clínica como base para decisões
A análise detalhada de exames laboratoriais auxilia na compreensão das disfunções metabólicas e fisiológicas. Marcadores como vitaminas, minerais, função renal e hepática, além de indicadores inflamatórios, ajudam a identificar se os sintomas do paciente decorrem de deficiências, interações medicamentosas ou progressão da doença.
2. Compreensão da fisiopatologia
A desprescrição é um processo ativo que exige o entendimento do mecanismo das doenças e dos medicamentos envolvidos. Isso permite evitar a polifarmácia e focar em terapias que abordem as causas das disfunções, promovendo melhores desfechos clínicos.
3. Minimizar riscos e maximizar benefícios
A polifarmácia aumenta o risco de eventos adversos, interações medicamentosas e impacto negativo na qualidade de vida, especialmente em pacientes idosos ou com múltiplas comorbidades. A desprescrição visa reavaliar a relação risco-benefício para cada terapia e alinhar o tratamento às necessidades reais do paciente.
4. Humanização e personalização do cuidado
O processo de desprescrição é individualizado, considerando a idade, comorbidades, objetivos terapêuticos e preferências do paciente. Trata-se de uma abordagem centrada no cuidado responsável, baseada na ciência e em decisões compartilhadas.
Por que falar sobre desprescrição é essencial?
No contexto atual de envelhecimento populacional e prevalência de doenças crônicas, a desprescrição se torna uma ferramenta indispensável para a segurança e eficácia da terapêutica. Além disso, evidencia o papel do farmacêutico clínico na identificação de terapias desnecessárias, prevenindo complicações e promovendo uma abordagem mais racional e sustentável na saúde.
A desprescrição não é o fim do uso de medicamentos, mas o início de um cuidado mais consciente.
Foto de Cottonbro Studio/pexels