Segundo dados do Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em apenas 50 anos a expectativa de vida dos brasileiros passou de 48, em 1960, para 73,4. Para muitos, esse “viver mais” implica limitações, enquanto para outros uma conquista valiosa, fruto dos avanços da medicina e de condições socioeconômicas infinitamente melhores.
Para a antropóloga Mirian Goldenberg, em declaração à imprensa nacional: “Em nossa cultura, o corpo jovem, magro e trabalhado é um capital. As pessoas têm medo de perder isso e ter de enfrentar a invisibilidade social”. Muitas mulheres brincam com um dos seus maiores medos: não serem mais notadas, nem pelos seus amores. Elas dizem: “Mesmo se eu pendurasse uma melancia na cabeça, ainda assim, não seria, sequer, percebida”.
Mirian, para ilustrar a tirania do corpo belo, traz a fala de uma psicanalista de 59 anos, que afirma: “Muitas mulheres, inclusive as mais jovens e magras, não usam biquínis ou shorts porque sentem vergonha das celulites e estrias. Deixam de ir à praia, festas e até de trabalhar quando se sentem gordas ou feias. Só fazem sexo de luz apagada. Colocam uma lente de aumento nas imperfeições e são cegas para todo o resto. Algumas estão viciadas em cirurgias plásticas, botox, preenchimentos. Outras passam a vida inteira reféns de regimes malucos”.
A antropóloga argumenta sobre um tipo de sofrimento bem contemporâneo, aquele em busca do corpo perfeito: “As mulheres estão obcecadas com a aparência e têm pânico de envelhecer. O pior é que elas são muito mais cruéis com a aparência feminina do que com a masculina. Dizem que os homens ficam charmosos com rugas e cabelos brancos, mas são extremamente críticas com as mulheres que engordam e não pintam os cabelos. É a verdadeira prisão do século 21”.
Simone de Beauvoir enxergava apenas uma solução ou saída para as mulheres. Segundo a companheira do ilustre Jean Paul Sarte, filósofo, escritor e crítico francês: as mulheres devem recusar os limites que lhes são impostos e procurar abrir para si e para as outras mulheres os caminhos da libertação. Resta saber, o quanto, essas mulheres que sempre lutaram por liberdade, têm condições de desfrutar de tamanha preciosidade.
Seguindo outra trilha, Maria Emília Gadelha Serra, diretora médica do Instituto Alpha de Saúde, explica as diferenças entre senescência e senilidade: “A pessoa tem de aceitar que o processo de envelhecimento natural, a senescência, implica no surgimento de rugas, perda dos cabelos e em um ritmo mais lento. Isso não tem nada a ver com senilidade, em que as doenças degenerativas e as limitações de diferentes tipos predominam e são mais intensas”.
Maria Emília afirma que “todos podem chegar à velhice de forma tranquila, basta adotar hábitos saudáveis, manter a vida social ativa e cultivar um olhar otimista diante da vida”. Mas a idade não nos transforma, somos o resultado de um processo, um caminho, uma trajetória que trilhamos e escolhas, quaisquer que sejam elas.
Você tem medo de envelhecer?
O website UOL Mulher disponibiliza um teste para questões como: “Rugas e cabelos brancos representam um problema para você? “Você já consegue planejar uma velhice animada com um merecido descanso após anos de trabalho?”.
As respostas podem indicar como você encara e lida com as agruras de seu próprio envelhecimento. O desafio está lançado!
Referências
GOLDENBERG, M. (2012). Nosso corpo nos pertence. Disponível Aqui. Acesso em 29/07/2012.
CUNHA, S. (2012). Você tem medo de envelhecer? Faça o teste e descubra. Disponível Aqui. Acesso em 27/07/2012.