“Quem cuidará de nós em 2030?” Este foi o título da conferência realizada no Parque do Lago Francisco Rizzo em Embu das Artes, por meio da Secretaria municipal de Participação Cidadã. Um tema preocupante, muitas vezes, evitado e até negado por muitos que julgam que este momento nunca chegará.
O Projeto “Quem Cuidará de Nós em 2030” engloba uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo, Universidade de Brasília, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Universidade Católica de Brasília com milhares de idosos e profissionais da saúde, em vários pontos das regiões da Grande São Paulo e do entorno de Brasília.
Paulo Vicente, secretário adjunto de Participação Cidadã, confirma a necessidade e a importância da pesquisa considerando que o contingente de brasileiros com 60 anos ou mais já se aproxima dos 18 milhões de cidadãos, o que representa cerca de 10% da população. Até 2030 espera-se que este número dobre, configurando assim um processo de envelhecimento populacional.
O Projeto e a Participação Acadêmica
O Projeto “Quem cuidará de nós em 2030?”, foi encomendado pelo Ministério da Saúde à PUC paulista, à Universidade de Brasília (UnB), à Universidade de São Paulo (USP) e à Universidade Católica de Brasília (UCB). O objetivo é mapear os serviços atualmente disponíveis à população idosa e as demandas nos municípios das regiões metropolitanas de São Paulo e do Distrito Federal, que podem ser consideradas amostras do que acontece no resto do país.
Outra meta é listar o que gestores e integrantes de conselhos de saúde e do idoso entendem como essencial para um atendimento global de qualidade a esse segmento décadas adiante. Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 30% dos brasileiros terão 60 anos ou mais em 2030.
A ideia é que as universidades contribuam acadêmica e socialmente nas questões e impasses relacionados ao futuro do idoso. Utilizando uma metodologia prospectiva, a proposta é realizar um trabalho interdisciplinar e interinstitucional para investigação sobre os cuidados e serviços disponíveis na atualidade para o segmento geriátrico da população, além de se propor a investigar quais os cuidados e serviços são desejáveis para as pessoas em sua velhice em um futuro distante.
Trabalho em campo
A agente Patrícia Ferreira Martins, da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim Canhema, em Diadema (SP) acompanhada pela enfermeira Danila Barbieri Jiunta, visitam a dona de casa Ana Cesárea Tiago, de 76 anos, que esteve internada devido à erisipela, infecção da pele muito comum em diabéticos, obesos e em quem tem má circulação sanguínea nas pernas. As duas conversam com dona Ana e recomendam a seu marido, Aníbal Barreto, 78 anos, e à filha do casal, Ana Maria, que a leve de volta ao hospital porque o inchaço ainda é grande e requer cuidados.
Frequência
Normalmente, Patrícia visita as famílias a cada dois meses. E, a cada mês, aquelas em que há portadores de pressão alta e diabetes. Os relatórios do quadro de saúde são enviados à equipe médica da UBS responsável pelas intervenções necessárias.
Trabalho reconhecido
Elogiada pelos usuários e por especialistas, a atuação dos agentes do Programa da Saúde da Família (PSF), que em Diadema cobre 100% do município, beneficia, sobretudo a pessoa idosa.
Bernadete de Oliveira, pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e da organização não governamental Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento (Olhe), além de pesquisadora do Projeto “Quem cuidará de nós em 2030?”, afirma: “Embora muito básico, esse tipo de atendimento ainda não existe em muitos lugares”.
A pesquisadora aborda as carências enfrentadas pela população: “Na zona rural de municípios da Grande São Paulo, que tem população idosa maior do que pensávamos, a situação é pior. Há muitas pessoas doentes, acamadas, muitas vezes isoladas em quartinhos insalubres, sem janela nem banheiro. Estão marginalizadas, esquecidas”. Na periferia das cidades, onde a grande concentração populacional contrasta com a oferta insuficiente de todo tipo de assistência, a situação é ainda mais séria.
A problemática do envelhecimento
– Assistência à saúde,
– Educação permanente e cuidados.
– As famílias, as instituições sociais, os gestores públicos, médicos geriatras e outros especialistas precisam ser preparados e apoiados para que a longevidade caminhe ao lado da qualidade de vida – bem diferente do que acontece hoje em dia.
Indicadores dos dados coletados no segundo semestre de 2011
– Carência de centros de referência em todos os municípios pesquisados, inclusive nos mais ricos,
– A oferta desses centros nem sempre é suficiente para a qualidade de vida de quem os frequenta,
– Faltam especialistas de diversas áreas que atuem de maneira integrada para proporcionar saúde, educação permanente, artes, lazer, cultura e
– Novas perspectivas de qualidade de vida para quem chegou à maturidade e ainda terá muitos e muitos anos pela frente.
Reflexão
Bernadete afirma: “As pessoas levam 60 anos para envelhecer e, num futuro próximo, terão tudo para viver outros 60. Esses anos a mais devem ser vividos de maneira independente, ativa e saudável. É inaceitável que numa fase da vida que pode se prolongar por tantas décadas a rotina de uma pessoa se limite a consultas e tratamento médico. Mais do que saúde, que é básica, o idoso tem direito a uma vida plena que inclui conforto espiritual, felicidade, harmonia com a família. Temos de pensar políticas para isso”.
Referências
OLIVEIRA, C. (2012). Como viver em 2030? Disponível Aqui. Acesso em 22/04/2012.
BARCELOS, A. (2012). Embu das Artes apresenta pesquisa nacional sobre condições de saúde dos idosos. Disponível Aqui. Acesso em 22/04/2012.