Demências, a importância de um diagnóstico correto

Vocês já perceberam que praticamente todas as pessoas que conhecemos com problemas de memória são diagnosticadas com Doença de Alzheimer (DA)? Só que existem cerca de 70 doenças que podem causar demência, mas nem todas são progressivas como a DA. Geralmente as demências ocorrem primariamente em fases mais tardias da vida, com uma prevalência de 1% aos 60 anos, dobrando a cada 5 anos até atingir 30% a 50% aos 85 anos, de acordo com Okamoto e Bertolucci (1998). A DA é a demência do momento como um dia o foi a arteriosclerose.

Maria Amélia Ximenes(*)


A Doença de Alzheimer, clinicamente, também é sempre diagnosticada quando se tem comprometimento de memória, inclusive pessoas com Doença de Parkinson diagnosticadas também com DA. Ora, sabe-se que a Doença de Parkinson é uma doença neurológica que gera uma demência própria com a progressão da doença. Existem também as demências: vascular, alcoólica, a Demência com Corpos de Lewi (DCL), dentre outras.

Cabe ao médico o diagnóstico correto, para que os outros profissionais que realizam o tratamento não farmacológico, de reabilitação (terapeutas ocupacionais, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas) possam desenvolver tratamentos de forma otimizada, direcionada e com responsabilidade.

Uma das características da DA é que tem progresso lento e contínuo, com sobrevida que varia entre 2 e 15 anos, independente de raça, escolaridade e nível socioeconômico. O desempenho em atividades operacionais da vida diária fica prejudicado, pela perda da memória, comprometendo ainda a linguagem e a independência, o que torna o atendimento profissional e o cuidado, complexos e onerosos, tornando-se um problema de saúde pública.

Ela pode ser caracterizada em estágios degenerativos classificados em: leve, moderado e severo, mesmo considerando as diferenças individuais que possam existir, segundo Luzardo (2006). De acordo com Mansur et al. (2005), a Doença de Alzheimer se insere entre os quadros progressivos irreversíveis, podendo ainda aparecer sinais e sintomas neurológicos grosseiros, como hemiparesia espástica, rigidez importante e a deterioração corporal que é surpreendentemente rápida, apesar do apetite preservado.

É considerada também uma doença familiar, por mudar totalmente o cotidiano das famílias. Cuidar de uma pessoa com Doença de Alzheimer mobiliza no cuidador sentimentos diversos e opostos num espaço de tempo curto, além de desgaste físico e emocional. Para os autores Pelzer e Fernades (1997), a carga de ministrar cuidados tornam os familiares vítimas da doença de Alzheimer, espoliando suas reservas e incertezas.

Afinal, a DA é uma doença degenerativa e progressiva, geradora de múltiplas demandas e altos custos financeiros, inclusive para o poder público. Enfim, um desafio para o governo, as famílias, instituições e profissionais de saúde, tanto em nível nacional, quanto mundial. Por isso é considerada como um problema de saúde pública, devendo ser tratada como tal pelas autoridades. Mas o que tem predominado é o cuidador familiar assumir o cuidado sozinho, sem auxílio governamental. O SUS, através do Programa de Saúde da Família (PSF), apesar de ser voltado à atenção domiciliar, somente orienta os cuidadores familiares de forma geral.

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Referências

LUZARDO, A. R.; GORINI, M. I. P. C.; SILVA, A. P. S. S. da.Características de idosos com Doença de Alzheimer e seus cuidadores: uma série de casos em um serviço de neurogeriatria. Revista Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, 2006, Out-Dez; 15(4): 587-94.

MANSUR, L.L. et al.. Linguagem e cognição na Doença de Alzheimer. Psicol. Reflex. Crit., 2005, dez,18(3): 300-7.

OKAMOTO IH, BERTOLUCCI PHF. Exame Neuropsicológico no Diagnóstico Diferencial das Demências Primárias. Rev Neurociências, 6(3):119-25, 1998.

PELZER, M.T.; FERNADES, M.R. Apoiando a família que cuida do seu familiar idoso com demência. Texto Contexto Enfermagem, 1997;6(2):339-43.

(*) Maria Amelia Ximenes -Terapeuta Ocupacional com doutorado em Ciências Sociais/Antropologia e Mestrado em Gerontologia Social pela PUC/SP. Professora Adjunta do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade do Sagrado Coração (USC/Bauru). É membro da Rede de Colaboradores do Portal. Email: [email protected].

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