O Japão é o país que apresenta o maior índice de expectativa de vida, 83,6 anos. Sem ter profissionais suficientes para atender uma demanda crescente de cuidados, o Japão já está planejando o cenário de 2015, ao preparar cuidadores estrangeiros, oferecendo residência àqueles que conseguirem licença para prestar este tipo de assistência no país.
O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão prepara um plano para aumentar o número de cuidadores estrangeiros para a terceira idade ante a escassez cada vez maior de mão de obra especializada para o setor. A informação é da cadeia de rádio e televisão pública NHK.
Segundo dados da NHK, um documento compilado pelo ministério quer incluir a categoria de serviços de enfermaria e cuidados a pessoas dependentes dentro do programa público de capacitação técnica para aprendizes estrangeiros, desenhado para formar pessoas oriundas de países em desenvolvimento.
De acordo com este documento, aqueles que obtiverem licença para prestar este tipo de assistência em centros formativos do país, terão residência concedida pelo próprio governo.
Atualmente o Japão já vem sofrendo com a escassez de mão de obra neste setor. Não há profissionais suficientes para cuidarem dos idosos existentes e que tendem a cada dia que passa a necessitar de maiores cuidados. Atualmente o Japão tem mais de 50 mil cidadãos que ultrapassaram os 100 anos, sendo que as mulheres são maioria. Mais de um quinto da população japonesa tem 65 anos ou mais. A esperança de vida no Japão é superior aos 80 anos para ambos os gêneros.
Com esta medida o Japão espera responder à essa demanda que, segundo previsões, só tende a piorar nos próximos anos ante o progressivo envelhecimento populacional.
O Ministério da Saúde considerou que o avanço de 2013 responde a uma menor mortalidade no que diz respeito a doenças como câncer, pneumonia e problemas cardiovasculares.
Além disso, prevê que a longevidade da população japonesa continue aumentando por causa do avançado sistema de saúde pública e dos bons hábitos alimentícios no país.
O governo estima que para 2025, isto é, daqui a apenas 10 anos, o Japão necessitará de ao menos 300 mil cuidadores do exterior para atender a demanda deste tipo de serviço.
O documento assinala ainda que a ampliação do programa de capacitação técnica entrará em vigor a partir de abril de 2016.
O ministério aponta no documento ainda que espera estabelecer um novo organismo para supervisionar as entidades que aceitem os aprendizes estrangeiros, já que o programa, existente há 20 anos, tem sido severamente criticado pelas duras condições às que supostamente há submetido muitos dos aprendizes. Os abusos e irregularidades cometidos contra os aprendizes têm que ser investigados, punidos e fiscalizados.
E no Brasil, como anda a situação de cuidadores?
Apesar do aumento da expectativa de vida ser maior e fazer crescer a procura por cuidadores, a profissão ainda não é reconhecida como tal. Mesmo assim grande parte das famílias, sem poder arcar com os custos, buscam esse tipo de cuidado para manter a pessoa idosa na casa. São escassas as redes de proteção oferecidas pelo governo. Na cidade de São Paulo existe o programa de Acompanhamento ao Idoso (PAI) como política pública municipal.
O envelhecimento populacional demanda um nicho de nicho de mercado cada vez maior. Segundo dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), de todos os brasileiros com 60 anos ou mais (cerca de 26 milhões de acordo com o último PNAD), cerca de 13% tem dificuldade em executar pelo menos uma atividade diária e, por isso, precisam de cuidadores. Dentre os mais idosos, com 80 anos e mais, 40% caem a cada ano. Em 20 anos, com o aumento da população de idosos no País, a situação vai ficar ainda mais delicada. No entanto, não observamos uma preocupação em nível nacional, uma pena.