Da farmácia do bairro às grandes redes: o impacto na saúde

Da farmácia do bairro às grandes redes: o impacto na saúde

A transição do modelo tradicional de farmácia para o de grandes redes empresariais afetou a saúde da população.


Nas últimas décadas, o papel das farmácias como ponto de saúde de referência foi profundamente alterado. A transição do modelo tradicional, onde as farmácias eram conhecidas pelo nome do proprietário e tinham uma relação próxima com a comunidade, para o modelo de grandes redes empresariais trouxe consequências significativas. O impacto não se restringe à identidade comercial; essa mudança afetou diretamente a função da farmácia e, principalmente, a saúde da população.

No modelo tradicional, o farmacêutico era o protagonista, oferecendo orientações e acompanhamento próximo aos pacientes. Ele era visto como um profissional acessível, dedicado à prevenção de problemas e à promoção da saúde. No entanto, nas farmácias modernas, o protagonismo foi transferido para os medicamentos, tratados como simples mercadorias, e o farmacêutico muitas vezes ocupa um papel secundário, mais administrativo do que clínico.

Esse cenário é agravado pela falta de preparação de muitos profissionais para lidar com uma população cada vez mais polimedicada. Hoje, é comum encontrar pacientes enfrentando problemas relacionados ao uso de medicamentos (PRMs), como interações perigosas, efeitos colaterais graves e falta de adesão a tratamentos, sem o suporte necessário para resolver essas questões. Além disso, o acesso fácil e irrestrito aos medicamentos, sem a devida orientação, tem contribuído para o aumento de problemas de saúde, criando um ciclo vicioso de mais medicação e mais doenças.

As grandes redes, com foco no faturamento e na venda de produtos, dificilmente aceitarão reposicionar o farmacêutico como protagonista no cuidado com a saúde. Esse protagonismo, no entanto, é essencial para devolver à farmácia seu papel de ponto de saúde e para fortalecer a relação com a comunidade.

Estamos mais medicados, mas mais doentes

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Apesar de o modelo moderno de farmácias ter ampliado o acesso aos medicamentos, ele piorou a relação da população com a saúde. Estamos mais medicados, mas paradoxalmente mais doentes. A ausência de orientação clínica e o acesso irrestrito a medicamentos não só prejudicam o tratamento adequado como também aumentam os riscos de complicações e novas doenças.

É urgente resgatar a essência do cuidado em saúde nas farmácias, fortalecendo o papel do farmacêutico como profissional central. Um atendimento clínico, baseado na orientação e na prevenção, é a chave para transformar o atual cenário e devolver às farmácias seu propósito: serem verdadeiros pontos de saúde na comunidade, promovendo bem-estar em vez de apenas comercializar medicamentos.

Imagem: Arquivo pessoal/montagem


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Homem de óculos, avental branco e atrás medicamentos
Luiz Antonio Assunção

Luiz Antonio da Assunção é farmacêutico clínico CRF 23.110. Pós-graduado em acompanhamento farmacoterapêutico. Pós-graduado em gastroenterologia funcional e nutrigenômica. E-mail: luizclinicaassuncao@gmail.com. Insta: https://www.instagram.com/luizassuncaofarmaceutico/

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Luiz Antonio da Assunção é farmacêutico clínico CRF 23.110. Pós-graduado em acompanhamento farmacoterapêutico. Pós-graduado em gastroenterologia funcional e nutrigenômica. E-mail: luizclinicaassuncao@gmail.com. Insta: https://www.instagram.com/luizassuncaofarmaceutico/

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