Cuidado com pacientes a beira da morte: inconsistente e pobre

Os cuidados paliativos na Inglaterra ainda deixam muito a desejar, pois o serviço de saúde do Reino Unido nem sempre tem a capacidade de providenciar “tempo e continuidade”, orientando a importância da participação dos parentes no cuidado familiar. A maior parte das reclamações estão focadas no último ano de vida. O manual existente hoje virou apenas uma lista de checagem e não um guia de orientações.

Jane Dreaper *

 

cuidado-com-pacientes-a-beira-da-morte-inconsistente-e-pobreMais investimentos ainda são necessários para aprimorar o cuidado de pessoas a beira da morte, que ainda é inconsistente e frequentemente pobre, dizem os especialistas em cuidado paliativo do Reino Unido. Os professores da Universidade King também temem a exclusão de parentes em “conversas críticas” sobre o fim da vida de um ente querido.

E eles dizem que o serviço de saúde do Reino Unido (NHS) nem sempre tem a capacidade de providenciar “tempo e continuidade”. O NHS da Inglaterra assinala a orientação quanto a importância da participação dos parentes no cuidado familiar.

Os especialistas do Instituto Cicely Saunders, que examina a política do cuidado paliativo, destacam um recente relatório do Serviço de Saúde Parlamentar e Provedor de Justiça (PHSO), que mostra que a maior parte das reclamações do NHS estão focadas no último ano de vida.

Sua modelagem mostra que o número de pessoas que morrem no Reino Unido tende a aumentar nos próximos anos por outras 100000 – somadas a cerca de meio milhão de pessoas a cada ano.

Realmente angustiante

Um dos professores, Dr Jonathan Koffman, disse: “Como identificaremos esses indivíduos e providenciaremos uma tributação impecável a eles? No momento há muita inconsistência e um cuidado de pouca qualidade dado a pessoas em momentos críticos em suas vidas.

“Eles experimentam a má gestão dos sintomas, realmente angustiantes. Este não é um círculo eleitoral vocal – muitas vezes eles não podem falar. E os familiares que ficam subsequentemente desolados acabam por se ferir demais pelas suas experiências para depois falar e nos ajudar a descobrir o que melhorar”.

O Instituto Nacional de Saúde e Excelência de Cuidados (NICE) ainda está consultando o seu projeto de orientação de 266 páginas sobre cuidados do fim de vida, que foi publicado em julho. Dois anos atrás, o governo anunciou que as orientações de cuidados anteriores – chamados de Caminho de Cuidados de Liverpool – seriam eliminadas, depois de críticas e relatos de que eles se tornaram um “checklist”, isto é, apenas uma lista de verificação.

Manual da Morte

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Outra professora de cuidados paliativos da Universidade King de Londres, Dra. Katherine Sleeman, disse: “As orientações da NICE são bastante completas como uma síntese de evidências científicas.”

“Você pode pensar nisso como um manual de referência para a morte. Isso é importante e necessário no âmbito da competência, mas não é suficiente para garantir que todos que estão morrendo sejam tratados bem.”

Ela declarou ainda que outros fatores essenciais devem incluir o investimento em educação e formação.

“Os estudantes de medicina se formam praticamente despreparados para isso. Uma auditoria no ano passado mostrou que apenas um em cada cinco cargos NHS incluem a formação de médicos em cuidados paliativos – mas 100% deles vão ter de cuidar de alguém que está morrendo.”

Questões difíceis

Dra. Sleeman disse que logo publicaria uma pesquisa que mostra como o Caminhos de Cuidados de Liverpool tornou-se mal utilizado. Ela acrescentou: “Ele foi concebido como um guia, mas tornou-se um protocolo. Foi usado como uma muleta, porque as pessoas simplesmente não sabiam de nada.

“A revisão e eliminação progressiva foi muito difícil para os enfermeiros nas alas. Eles nos disseram que não sabiam o que fazer. Mas isso me fez sentir que se livrar disso foi a coisa certa a fazer.”

Prof. Bee Wee, diretor clínico nacional de cuidados de fim de vida do NHS da Inglaterra, declarou que “Estas podem ser questões difíceis para qualquer um que pense ou fale sobre isso, quer se trate de pacientes, seus entes queridos ou os profissionais que os assistem”.

Segundo ele, “Deixamos claro em nossas ações em prol da orientação de cuidados do fim de vida, publicado em novembro, o tamanho da importância do apoio e acompanhamento de entes queridos, deixando indivíduos empoderados para tomar decisões sobre seu próprio cuidado.”

* Jane Dreaper – Correspondente de Saúde, BBC notícias, em 4 de setembro de 2015.

Tradução livre de Dhara Lucena, colaboradora do Portal do Envelhecimento. Disponível Aqui

 

 

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