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Conversas sem fim: o Estado e a Longevidade

Trabalho em conjunto é essencial no caminho para viver com qualidade a longevidade.


Por Sofia Correia Baptista, Jornalista do Expresso/Portugal

O papel do Estado no incentivo às políticas públicas na área da longevidade e a abordagem do Reino Unido para lidar com o desafio de vivermos mais tempo foram os temas alvo de reflexão na webtalk do dia 6/2 do projeto do Expresso dedicado à Longevidade, em parceria com a Fidelidade e a Novartis.

O evento, que acontece em Portugal, reflete sobre a longevidade, apontada como um novo desafio que a sociedade tem de enfrentar nos próximos anos. Parte do princípio de que há vários fatores que contribuem para uma vida longa, com qualidade e bem-estar. O evento “Conversas sem fim” pretende responder as seguintes questões: Como pode o Estado incentivar políticas públicas para a longevidade? Que estruturas devem ser criadas no Governo para mudar estas políticas relacionadas? Que exemplos existem? Que países são modelo? Que áreas são prioritárias?

Foi lembrado que a estratégia britânica para um envelhecimento saudável envolve, além do Estado, mais de 120 organizações. O trabalho em rede é fundamental para responder ao aumento da esperança de vida, que se deseja que seja acompanhado de saúde. Estas foram algumas das ideias debatidas em mais uma webtalk focada nos desafios associados à longevidade

O debate contou com a presença do vice-chefe de Missão da Embaixada Britânica em Portugal, Nigel Boud, como convidado. Participaram no segundo painel Maria de Belém (antiga ministra da Saúde), Carlos Lobo (sócio fundador da sociedade de advogados Lobo, Carmona & Associados e ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais) e Simon Gineste (diretor-geral da Novartis Portugal). A sessão contou com a moderação do diretor-adjunto do Expresso, Martim Silva.

Veja a seguir as principais ideias debatidas no evento:

O diretor-adjunto do Expresso, Martim Silva, com o vice-chefe de Missão da Embaixada Britânica em Portugal, Nigel Boud. Foto: Nuno Fox

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Consenso – O vice-chefe de Missão da Embaixada Britânica em Portugal partilhou a estratégia que o Reino Unido tem vindo a adotar, que envolve não apenas o Governo, mas um trabalho conjunto com mais de 120 organizações, nomeadamente da sociedade civil. Entre os princípios da abordagem britânica estão colocar a prevenção em primeiro lugar, tendo em conta que “começamos a envelhecer no dia em que nascemos”, e “eliminar obstáculos e criar mais oportunidades para os mais velhos contribuírem para a sociedade”, explica Nigel Boud.

Exemplo – Este “consenso para fazer acontecer” é essencial, salienta Simon Gineste. Trata-se de um bom exemplo para Portugal: reunir todos os agentes de um campo que é “complexo, com muitas dimensões” e “trazer todas as entidades à mesa”, aponta o responsável da Novartis. Há seis meses em Portugal, Nigel Boud considera que o Reino Unido pode inspirar-se em dois aspetos no nosso país. O facto de as famílias serem “muito próximas”, uma vez que este núcleo é “uma parte fundamental” para responder ao desafio. E, noutra dimensão, o bom exemplo da elevada confiança da população na vacinação.

Qualidade de vida – A expetativa de vida saudável dos portugueses aos 65 anos situava-se, em 2020, em 7,7 anos, menos 2,1 do que a média europeia (9,8 anos), segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. A longevidade representa “o maior sucesso das políticas de saúde”, classifica Maria de Belém. Agora, importa fazer com que o maior número de anos vividos corresponda a “anos de boa qualidade”, transformando em “desígnio nacional” que esse tempo seja experienciado com saúde.

Para tal, é necessário “fazer intervir o conjunto da sociedade”: é preciso agir em “muitas áreas”, como a qualidade da habitação ou a capacitação ao nível da educação e formação. “Temos de ter uma visão integrada e interdisciplinar”, sintetiza a antiga ministra. Neste contexto, foi publicado em janeiro em Diário da República o Plano de Ação para o Envelhecimento Ativo e Saudável, com medidas previstas para implementação até 2026. Uma vez que a questão é “multidimensional e transversal”, também Carlos Lobo defende a importância de um trabalho em rede entre o Estado e os sectores privado e social.

Potencial – Ainda sobre o papel do Estado, Maria de Belém defende a existência de políticas públicas que “investem no potencial” de cada um. “O Estado tem de ser um investidor no potencial das pessoas”, considera. “Temos de acabar com a ideia de que a reforma é o fim da vida útil”, diz Carlos Lobo. Para o antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, a reforma deve ser vista como um “prémio”, mas as pessoas podem continuar a “contribuir para a sociedade” e a “criar valor”.

Foro destaque: O diretor-adjunto do Expresso, Martim Silva, com Maria de Belém (antiga ministra da Saúde), Carlos Lobo (ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais) e Simon Gineste (diretor-geral da Novartis Portugal). Foto: Nuno Fox


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