Ter um corpo saudável nos dias de hoje deveria significar muito para as pessoas que obtiveram essa conquista. Antes de tudo, é possível utilizar o conceito de saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS) para se entender o que seria o corpo saudável, que diz que “saúde não é a ausência de doença, mas o completo bem-estar biopssicosocial-cultural-espiritual”. Ou seja, conquanto se tenham doenças controladas, sequelas reabilitadas e se viva intensamente, o corpo está cumprindo sua função.
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Janise Leite(*)
O que não deve passar desapercebido às pessoas é o grande esforço realizado por todos, no dia-a-dia, para manter esse corpo. Nas 24 horas do dia, iniciando ao acordar até no mais profundo adormecer, o corpo está sendo cuidado. Tudo que fazemos é em prol dele, começando por escovar os dentes, o alimento que comemos, os remédios que precisamos tomar, até o trabalho do dia-a-dia, que nos permitirá transformar o salário, em última instância, em coisas para a preservação ou o deleite do corpo.
Por tudo isso, as pessoas que estão envelhecendo bem, chegando aos 60, 70, 80 anos com independência e autonomia, com corpos saudáveis e com muitos planos para o futuro, devem se sentir vitoriosas. Elas sabem que o que estão colhendo agora foi plantado muito antes, talvez ainda na infância, quando adquiriram hábitos de vida que foram essenciais para cuidar bem de seu corpo. Provavelmente passaram a vida atentos a uma alimentação adequada, fizeram exercícios físicos com regularidade, não fumaram, não utilizaram a bebida alcoólica em excesso, construíram boas relações familiares e de amizade, participaram da sua comunidade, tiveram trabalhos gratificantes e se planejaram para a aposentadoria.
Ter um corpo saudável na velhice é algo que deveria ser almejado por todos, mas esse desejo intenso precisa ser racional e, de preferência, ter metas. Se os passos a serem seguidos já são em grande parte de conhecimento geral, o mais importante então é segui-los. Talvez se iniciando um de cada vez.
Por último, é importante lembrar o que significa não poder usufruir, por sua própria conta e risco, das benesses da vida. Não conseguir sair sozinho de casa, não conseguir se levantar da cama para ir ao banheiro, precisar de alguém ao seu lado para várias funções que antes cabiam ao seu corpo. Em âmbito social, significa trabalho para familiares ou cuidadores, a necessidade de instituições de longa permanência para idosos e os riscos de ter de depender do outro.
(*)Janise Leite é médica geriatra. E-mail: [email protected]