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Como o Pensamento Computacional ajuda o desenvolvimento cognitivo da pessoa idosa?

O Pensamento Computacional vai de habilidades, projetar soluções, entender o comportamento e até desenvolver o pensamento crítico.

Isabel Dillmann Nunes e Andressa Kroeff Pires (*)


O desenvolvimento cognitivo da pessoa idosa deve ser uma atividade constante para que o processo de envelhecimento seja mais saudável. Figueiredo (2015) conceitua a cognição como a capacidade de processamento da informação, considerando as funções como pensamento, memória, percepção e fala. Se essas funções forem afetadas, provavelmente as funções executivas, tais como seletividade de estímulos, capacidade de abstração, autocontrole, planejamento e concentração, também serão (ARGIMON et al., 2006).

Dirigir um carro? Administrar seu próprio dinheiro? Como podemos treinar nossas funções executivas para que tenhamos um envelhecimento saudável, sem isolamento social, com liberdade e autoestima?

Por meio do enriquecimento cognitivo é possível diminuir o declínio cognitivo e ainda aumentar o desempenho mental das pessoas (LUCENA, 2020). Fazemos isso realizando um treino cognitivo, uma intervenção estruturada com a finalidade de eliminar ou atenuar dificuldades como a memória e a velocidade em que processamos as informações (IRIGARAY; SCHNEIDER; GOMES, 2011). Isso é feito por atividades padronizadas em lápis e papel e até mesmo com o uso de tecnologias digitais.

E como o Pensamento Computacional entra nessa história?

Primeiro, vamos entender o que é Pensamento Computacional. Esse termo foi criado pela pesquisadora Jeanette Wing em um artigo publicado na revista Communications of the ACM em 2006 (WING, 2006), mostrando que as habilidades que cientistas da computação desenvolvem para suas atividades podem ser usadas em qualquer contexto. Em 2010, Wing complementa seu artigo ressaltando que Pensamento Computacional não são somente habilidades computacionais, mas de projetar soluções, entender o comportamento humano e desenvolver o pensamento crítico.

Para que isso aconteça, Brackmann (2017), mostra que o Pensamento Computacional envolve 4 pilares para a resolução de problemas:

– Decomposição: quebrar um problema em problemas menores;

– Reconhecimento de padrões: identificar problemas que já foram resolvidos

anteriormente semelhante com o que temos a frente;

– Abstração: ter o foco apenas nas informações relevantes, deixando de lado o que não é importante no momento e;

– Algoritmos: definir passos e regras simples para resolver um problema.

Essas habilidades, assim como o treino cognitivo, são desenvolvidas por meio de tarefas padronizadas em lápis e papel ou com recursos digitais.

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Agora que sabemos o conceito de Pensamento Computacional, como vamos relacioná-lo com o treinamento cognitivo para desenvolver as habilidades executivas da pessoa idosa?

O trabalho de Lucena (2020) mostra que as atividades utilizadas para o desenvolvimento das habilidades de Pensamento Computacional possuem uma convergência para as atividades de um treino cognitivo baseado nos conceitos da psicologia cognitiva. Por meio de um experimento realizado com dois grupos, um de controle com treinamento cognitivo dirigido por psicólogo e outro grupo experimental, com atividades de pensamento computacional, mostrou-se que o grupo experimental obteve resultado tão bom ou mais que o grupo de controle.

Os passos da imagem abaixo estão em uma sequência correta e lógica para quem irá tomar um banho?

Essa tarefa é um exemplo de atividade baseada em pensamento computacional, utilizando o conceito de algoritmo e que permite o desenvolvimento de habilidades cognitivas pois exercitam a memória, o pensamento crítico e de percepção. Estudos mais avançados são necessários para que possamos reafirmar esse primeiro trabalho, o uso de tecnologias digitais por meio de aplicativos e jogos também é um reforço para que tais treinamentos atendam a um número maior de pessoas idosas.

Referências
ARGIMON, Irani I. de Lima et al. Funções executivas e a avaliação de flexibilidade de pensamento em idosos. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, v. 3, n. 2, p.35-42, dez. 2006. Disponível em: <http://www.seer.upf.br/index.php/rbceh/article/view/84>.
FIGUEIREDO, Ana Carolina Rodrigues. Declínio cognitivo em idosos institucionalizados: revisão de literatura. 2015. 50 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Medicina, Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2015.
IRIGARAY, Tatiana Quarti; SCHNEIDER, Rodolfo Herberto; GOMES, Irenio. Efeitos de um treino cognitivo na qualidade de vida e no bem-estar psicológico de idosos. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 24, n. 4, p.810-818, jan. 2011. FapUNIFESP (SciELO).
LUCENA, Daniel Araújo de. Pensamento Computacional como Intervenção para desenvolvimento cognitivo em idosos. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Inovação em Tecnologias Digitais. Orientação: Isabel Dillmann Nunes. 2020.
WING, J. M. Computational thinking. Communications of the ACM, v. 49, n. 3, p. 33,2006.
WING, J. M. Computational Thinking: What and Why?, 17. out. 2010. Disponível em: <http://www.cs.cmu.edu/~CompThink/resources/TheLinkWing.pdf.>


(*) Isabel Dillmann Nunes – Professora do Instituto Metrópole Digital – IMD da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. É vice-coordenadora do Programa de Pós-graduação em Inovação em Tecnologias Educacionais e da Especialização em Metodologias Ativas da Aprendizagem e coordenadora da Residência em Tecnologia da Informação junto ao Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro – TCMRJ. Coordena também o Projeto de Extensão de Inclusão Digital para Idosos – PROEIDI e o Projeto de pesquisa Authoring Tool for Instructional Design – ATID. E-mail: bel@imd.ufrn.br

Andressa Kroeff Pires – Mestranda do curso profissional em Inovação em Tecnologias Educacionais pelo PPGITE do Instituto Metrópole Digital (IMD) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Analista de Sistemas na Superintendência de Tecnologia da Informação (STI / UFRN), atua como coordenadora da equipe de Desenvolvimento de Front-end (FERA) e possui experiência com desenvolvimento de aplicações web, usabilidade, acessibilidade, testes, qualidade de software e gestão de projetos. E-mail: andressa.kroeff@ufrn.br

Este texto faz parte da pesquisa “Pensamento Computacional como base para o Letramento Digital e Desenvolvimento Cognitivo da Pessoa Idosa”, apoiada pelo Edital Acadêmico de Pesquisa 2021, promovido pelo Itaú Viver Mais e Portal do Envelhecimento.

Foto destaque de Pavel Danilyuk/pexels.


https://longeviver.com/conecta/edital-itau-pesquisa-2022.php?
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