A convivência e o diálogo são essenciais e possibilitam que os netos tenham lembranças do contato com seus avós, afinal somos aquilo que lembramos.
Vera Helena Rodrigues Zaitune (*)
Ante a pergunta que me foi feita, sobre alienação parental, ou seja, como nossos filhos podem valorizar as memórias dos avós, só posso trazer a citação de Norberto Bobbio, de que somos aquilo que lembramos. Isso se torna possível através do cultivo das relações intergeracionais. Nessa dinâmica, a convivência e o diálogo são essenciais e possibilitam que os netos tenham lembranças do contato com seus avós.
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Relatos com saudade da sua casa sobre suas preferências culinárias, as histórias contadas na hora de dormir, as férias inesquecíveis, os cheiros e perfumes, as festas e comemorações, as cartas e bilhetinhos trocados e segredados, são registros sadios que não se apagam das suas lembranças.
Registros que se constituem em demonstrações de afeto, na medida que sinalizam e validam sobre a sua importância como fator de autoestima, um dos elementos fundamentais para um crescimento saudável. Também, dessa convivência, obtêm exemplos de valores morais e éticos. Estimular e promover encontros dessa ordem, contribui sobremaneira para a construção do desenvolvimento da personalidade da criança e do adulto que será.
Tais constatações refletem diretamente na vida das gerações envolvidas, na medida em que estar e conviver juntos apresenta-se como uma das maneiras de se eternizarem. Essa herança passa a ser transgeracional quando repassada às gerações vindouras.
Nela, há que ressaltar sobre o estímulo incessante de o relacionamento acontecer com os avós paternos e maternos, a fim de garantir memórias mais completas e plenas, por meio da diversidade de histórias que se cruzam e enriquecem a todos! Isso, porque é comum ouvir registros de pesar quando não se conheceu os avós falecidos prematuramente ou, então, pela ausência de contato com os avós ainda vivos.
Entende-se que esse convívio é essencial para os netos, a fim de que não ocorra um hiato na vida deles, evitando situações de alienação parental que é extremamente desgastante para os que participam dessa questão séria e sofrida!
Sempre há tempo e maneiras desse contato se viabilizar com criatividade, boa vontade e aceitação de todos os integrantes desse processo, trazendo ganhos para netos e avós envolvidos em um relacionamento de muita aprendizagem e crescimento.
Referências
BOBBIO, Norberto. O tempo da memória – de senectude e outros escritos autobiográficos. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
(*)Vera Helena RodriguesZaitune- Especialização em Geriatria no HC-USP, Aperfeiçoamento em Educação para o Envelhecimento, PUC- SP, Mestre em História da Educação, Pós-Graduação em Psicopedagogia, Professora Voluntária para Idosos, Professora do Ensino Superior, Professora do EJA, Ensino Médio, Fundamental e de Educação Infantil. E-mail: [email protected]
Foto destaque: Andrea Piacquadio/Pexels
