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Como filhos encaram a moradia dos pais na velhice?

uma parede de barro com vasos de plantas

Uma forma de tornar a moradia na velhice mais suave é se planejar para o envelhecimento.


Mesmo que os filhos saibam que apoiarão seus pais quando necessitarem de assistência, nem sempre estão preparados para oferecer o cuidado com a atenção necessária e dispostos a compreender os desejos e necessidades dessas pessoas. Ao compreender que a moradia será o suporte construído para essa fase mais delicada, quando são comuns os conflitos relacionados às decisões a serem tomadas, a abordagem do que seja necessário mudar deve ser consciente, delicada e muito clara, sem tirar a capacidade da pessoa idosa de participar desses momentos. O jornalista Vinícius Lemos consultou especialistas que discorreram sobre o relacionamento entre as gerações em uma reportagem para a BBC News Brasil, intitulada Os desafios de lidar com o envelhecimento dos pais – e como evitar conflitos, sobre a qual discorreremos a seguir.

À medida que a idade avança, uma pessoa tende a precisar de cada vez mais apoio, seja em atividades simples do dia a dia ou mesmo uma ajuda financeira – e isso pode cobrar um preço de quem fica responsável por esses cuidados, como apontam especialistas. (…) Um ponto importante nesse período é a forma como filhos encaram o envelhecimento dos pais – e, como em tantas outras fases da vida, não há uma cartilha universal a seguir.

A ausência de educação gerontológica ao longo da vida pode ser um dos motivos dos conflitos entre pais e filhos. A sensação de que há uma troca de papéis quando o cuidado mais atento se torna necessário pode criar um empoderamento que leva ao controle das rotinas do parente idoso, rompendo uma linha tênue que determina o limite da privacidade dessa pessoa.

De um lado, os filhos podem enxergar uma pessoa fragilizada, adoecida e que precisa de cuidados e limitações e tentam proteger seus pais e fazer com que não se exponham a riscos. Do outro, há uma pessoa que não quer perder sua autonomia e que pode até perceber que precisa de cuidados, mas tem dificuldade de aceitar isso…

O que poderia ser denominada de teimosia é, na verdade, um esforço de resistência para garantir autonomia, ameaçada por atitudes protetoras demais que, apesar das boas intenções, podem ferir o respeito devido à história e espaço de vida dessa pessoa idosa.

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Uma forma de tornar esse período da vida mais suave é se planejar para o envelhecimento, apontam as especialistas ouvidas pela reportagem. (…) Mas esse planejamento, dizem as especialistas, ainda é pouco debatido nas famílias, que acabam enfrentando cada problema conforme eles vão surgindo.

Ao provocar as diversas perspectivas relacionadas à moradia ao longo da vida nas reflexões de Ser Modular, busca-se exatamente isso: o debate sobre as condições de vida para quaisquer idades, mas especialmente na velhice, quando algumas funcionalidades diminuídas exigem assistência profissional. Apesar disso, é nas relações familiares que repousam as maiores responsabilidades e, ao compreender isso, o planejamento pode antecipar soluções para o futuro previsível. É na moradia que cada pessoa se sente capaz e segura, mas torná-la preparada para as perdas é um meio de evitar conflitos e decepções.

Foto de Petr Ganaj/pexels.


Maria Luisa Trindade Bestetti

Arquiteta e professora na graduação e no mestrado da Gerontologia da USP, tem mestrado e doutorado pela FAU USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Pesquisa sobre alternativas de moradia na velhice e acredita que novos modelos surgirão pelas mãos de profissionais que estudam a fundo as questões da Gerontologia Ambiental. https://sermodular.com.br/. E-mal: maria.luisa@usp.br

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