Coletânea de poemas sobre a velhice – Parte II

Coletânea de poemas sobre a velhice – Parte II

A segunda parte da coletânea de poemas diz respeito à relação do tempo de Cronos com seu longo trabalho, a velhice.


Cronos, rei dos Titãs, é o Deus do tempo em sua dimensão mensurável e intransigente. Usualmente era representado com uma foice com a qual castrou seu pai, o que nos remete à uma representação também impiedosa, a da Morte. Não se escapa à divindade e da finitude dela advinda. Enquanto em seu reino, a percebemos no calendário, no corpo, em nosso entorno…

A segunda parte da coletânea de poemas diz respeito à relação do tempo de Cronos com seu longo trabalho, a velhice.

O tempo anda passando a mão em mim
Viviane Mosé

Quem tem olhos pra ver o tempo
Soprando sulcos na pele
Soprando sulcos na pele
Soprando sulcos?

O tempo andou riscando meu rosto
Com uma navalha fina
Sem raiva nem rancor
O tempo riscou meu rosto com calma

Eu parei de lutar contra o tempo
Ando exercendo instante
(acho que ganhei presença)
(…)
Um dia resolvi encará-lo de frente
E disse: Tempo,
Se você tem que me comer
Que seja com o meu consentimento
E me olhando nos olhos
Acho que ganhei o tempo
De lá pra cá
Ele tem sido bom comigo
Dizem que ando até remoçando

Assionara Souza

(…)
passei da idade de casar-me contigo
menos da idade – eterna idade – do desejo
(…)

Seiscentos e Sessenta e Seis
Mário Quintana

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.

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Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente…

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

Herberto Helder

traças devoram as linhas linha a linha dos livros,
o medo devora os dias dia a dia das vidas,
a idade exasperada é ir investindo nela:
a morte no gerúndio

Envelhecer
Albert Camus

(…)
Quando se passa dos sessenta,
são poucas as coisas
que nos parecem absurdas.
Os jovens pensam
que os velhos são bobos;
os velhos sabem que os jovens o são.
A maturidade do homem
é voltar a encontrar a serenidade
como aquela que se usufruíam
quando se era menino.
Nada passa mais depressa

Que os anos
 (…)

Foto de Chevanon Photography/Pexels


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Paula Akkari

Paula Akkari é psicóloga (CRP 06/178290) formada pela PUC-SP, mestranda em Psicologia Social na mesma instituição e pós-graduanda no Instituto Dasein. E-mail: [email protected] Instagram: @akkari.psi "

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