Às vezes gosto de destacar como vivemos em um tempo muito louco. A gente fala sobre como a mídia exalta a juventude, a beleza, o corpo escultural, mas de vez em quando surgem uns pontos fora da curva. É o caso do Charles Bradley, um homem negro, que só em 2010, com quase sessenta anos – uma idade na qual a maioria das pessoas está pensando em se aposentar – que lançou seu primeiro disco.
Luciano Andolini *
Charles é um homem negro, na casa dos sessenta anos. Baixinho, barrigudo, cabelo crespo black power não muito longo, rugas acentuadas pelo rosto, expressão de quase choro, como alguém que se acostumou a viver acuado, se escondendo pelos cantos.
Analfabeto, teve períodos bem difíceis de desemprego, o que conseguia ganhar em bicos aqui e ali não eram suficientes para alugar um espaço para morar e, por isso, passou períodos mais ou menos longos vivendo pela rua. Mudou-se algumas vezes de cidade, pedindo carona, até chegar aos destinos desejados. Nova Iorque, Seattle, Alasca, Califórnia.
Ao ouvir essa história, a voz rouca e baixa e ver a presença tímida, subserviente, você não imagina o que vai presenciar quando ele sobe ao palco para cantar.
Charles Bradley, durante algum tempo, fez bicos como cover de James Brown, mas foi só em 2010, com quase sessenta anos – uma idade na qual a maioria das pessoas está pensando em se aposentar – que lançou seu primeiro disco, chamado No Time For Dreaming.
O começo tardio, somado a uma trajetória dura, cheia de percalços, chamou bastante atenção, gerando até um documentário, Soul Of America. Afinal, não é todo dia que alguém com essa história consegue virar o jogo e ter um momento não só de alívio, como de glória.
Agora, depois de 6 anos da sua estreia e 3 do álbum seguinte, Victim of Love, ele se prepara para lançar um novo disco.
Recentemente ele liberou o novo single para a gente se antecipar e ficar ansioso pelo dia 1º de abril, quando sai o LP.
Aqui você pode ouvir: Link Souncloud
Às vezes gosto de destacar como vivemos em um tempo muito louco. A gente fala sobre como a mídia exalta a juventude, a beleza, o corpo escultural, mas de vez em quando surgem uns pontos fora da curva que são de saltar os olhos e gritar “uow!”. É o caso do Charles Bradley.
Quando você ouvir, vai entender por que o chamam de “The Screaming Eagle Of America”.
* Cantor, guitarrista, compositor e editor do PapodeHomem nas horas vagas. Volta e meia grava e disponibiliza no Soundcloud. Está no Instagram, Twitter, Facebook, Google+: Acesse Aqui