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Casais que preferem animais ao invés de filhos corroboram com o aumento da população idosa?

O modo de morar dos diferentes arranjos familiares determina que a convivência com animais define necessidades para a convivência saudável com os animais.


É evidente que a expectativa de vida está aumentando, a partir do desenvolvimento de medicamentos e processos auxiliares à medicina, em especial considerando a prevenção de doenças e o controle de comorbidades. Além disso, aumenta também o número de jovens que não desejam ter filhos, mas animais, geralmente por investirem na carreira profissional, terem preferência por viagens e buscarem a individualização como garantia de liberdade para escolher alternativas em diferentes opções de emprego.

Essa mudança de comportamento determina escolhas tais como a adoção de animais de estimação, evidenciada pelo aumento significativo do mercado que fornece subsídios para os donos de pet, conforme matéria assinada por Willian May e Diego Maurell, intitulada “Com cada vez mais pais e mães de pets, mercado continua a crescer em 2022”, e publicada em Exame.com em janeiro de 2022. De acordo com a matéria, o setor cresceu ainda mais a partir da pandemia pela Covid-19, evidenciando o desejo de companhia para evitar a solidão.

Segundo estimativa do Radar Pet, houve um aumento de 30% do total de animais de estimação no Brasil em 2021. Crescimento acentuado para um mercado que já vinha apresentando nos anos anteriores uma taxa média de crescimento superior a 20%. Com o isolamento social, as pessoas se sentiram mais solitárias e passaram a buscar ainda mais a companhia dos animais de estimação. Outro fator relevante foi o home office, que facilitou os cuidados em casa.

Muitas famílias adotam animais por compreenderem a importância de que crianças convivam com eles para um aprendizado de cuidado, respeito e criação de vínculos, mas há evidências do aumento das adoções por casais sem filhos, que passaram a assumir a tendência a evitá-los. A reportagem da BBC apresenta uma pesquisa anual da Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), a Radar Pet.

O levantamento representa o universo dos lares brasileiros nas classes A, B e C e tem margem de erro de 3,6% em intervalo de confiança de 95%. Realizada por uma consultoria, a edição de 2021 desta pesquisa mostrou que, das casas que têm cachorros, 21% delas são de casais sem filhos (contra 9% de casas com pessoas morando sozinhas e 65% de casas com filhos). Das casas que têm gatos, 25% delas são de casais sem filhos (contra 17% de casas com pessoas morando sozinhas e 55% de casas com filhos).

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Em qualquer situação, percebe-se que o modo de morar dos diferentes arranjos familiares determina que a convivência com animais determina necessidades de espaço e soluções de revestimentos adequadas para a convivência saudável com os animais.

Também é possível depreender que muitas das casas com pessoas morando sozinhas são de idosos, vista a importância de uma companhia para as rotinas diárias, com o estímulo à atividade física e a possibilidade de conexões sociais entre donos de pets, criando momentos interessantes e tornando ainda mais significativa essa decisão.

Foto destaque de Yaroslav Shuraev/Pexels


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Maria Luisa Trindade Bestetti

Arquiteta e professora na graduação e no mestrado da Gerontologia da USP, tem mestrado e doutorado pela FAU USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Pesquisa sobre alternativas de moradia na velhice e acredita que novos modelos surgirão pelas mãos de profissionais que estudam a fundo as questões da Gerontologia Ambiental. https://sermodular.com.br/. E-mal: maria.luisa@usp.br

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