O envelhecimento populacional traz uma série de desafios para a sociedade, dado que altera a demanda por políticas públicas e a distribuição dos recursos disponíveis. Uma das certezas que se tem sobre o futuro próximo é a de um crescimento a taxas elevadas do contingente de idosos vivendo mais tempo.
Márcio Pochmann *
Por outro lado, a certeza da continuação nos ganhos em anos vividos é acompanhada pela incerteza a respeito das condições de saúde, renda e cuidado que experimentarão os longevos.
Visões negativas associam esse aumento da expectativa de vida a um maior tempo em que os idosos experimentariam distúrbios mentais, baixa capacidade cognitiva e doenças crônicas, o que poderia acarretar perdas na sua capacidade funcional e resultar em demanda por cuidados de longa duração. Estes, tradicionalmente, recaem sobre a família, ou melhor dizendo, sobre a mulher.
A concretização dessa perspectiva negativa, porém, esbarra nas dificuldades enfrentadas pelas famílias para a provisão dos cuidados, dada a redução do seu tamanho, a participação crescente da mulher no mercado de trabalho e as mudanças na nupcialidade. Isso passa a requerer que o Estado e o mercado privado dividam com a família as responsabilidades no cuidado com a população idosa dependente. Dentro desse quadro, uma das alternativas conhecidas são as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), tanto públicas quanto privadas.
A residência em ILPIs não é uma prática comum na sociedade brasileira. Baixa oferta de serviços, altos custos, preconceitos e estereótipos aliados ao fato de os idosos preferirem ser cuidados pelas famílias são alguns dos fatores que explicam a pequena proporção de idosos residindo nas ILPIs. No entanto, não se conhece o número de instituições que existem no território nacional, quantos idosos nelas residem, os recursos com que contam, os serviços oferecidos etc.
Um levantamento nacional destinado a mapear o número e a localização das ILPIs existentes, suas condições de infraestrutura, os serviços oferecidos, a composição de gastos e os recursos com que contam (humanos e financeiros), algumas características dos idosos institucionalizados, está sendo feito pela primeira vez no Brasil. É a pesquisa “Condições de funcionamento e de infraestrutura nas instituições de longa permanência para idosos (ILPIs)”, empreendida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Este livro, o quinto de uma série de seis, mostra os resultados do levantamento para a região Sudeste. Apresenta um conjunto de indicadores que visam traçar o perfil das ILPIs da região desagregado por Unidades da Federação.
Espera-se que as informações aqui contidas possibilitem ao Estado e à sociedade civil adequarem suas ações no sentido de contribuir para uma melhor qualidade dos serviços oferecidos pelas ILPIs brasileiras.
* Presidente do Ipea
Leia o livro na íntegra, clicando no link a seguir: Aqui