Bibi Ferreira celebra em “Histórias e canções” seus 90 anos

Poderíamos passar horas falando da fenomenal Bibi Ferreira e mesmo assim ainda seria pouco. Tudo que se buscasse sobre ela não seria suficiente para explicar quem foi e quem é a mulher que ainda faz verdadeiros malabarismos com uma voz de fazer inveja a muitos experts da área.

 

 

bibi-ferreira-celebra-em-historias-e-cancoes-seus-90-anosA idade para ela talvez seja uma brincadeira, quase uma ironia da passagem do tempo. “Se o sujeito tem boa memória e suas pernas andam, fazer 90 anos é a coisa mais natural do mundo”, diz Bibi como se estivesse falando de alguma outra pessoa que não de si própria, durante entrevista à grande imprensa paulistana em um camarim da Rede Globo.

Diga-se de passagem que a entrevista aconteceu após Bibi estar por mais de três horas no “Programa do Jô”. Sem sinais de cansaço, Bibi permaneceu os três blocos do programa, com depoimentos de figuras ilustres do teatro como Antunes Filho e Juca de Oliveira e o músico Chico Buarque prestaram homenagens.

Com disposição e excelente memória, a atriz e cantora esbanja sua voz poderosa aliada a um fôlego invejável em show comemorativo de sua trajetória no teatro Frei Caneca, São Paulo. Ela diz: “Fui privilegiada com uma boa formação das vias aéreas”.

Bibi justifica tal façanha: “Aprendi a respirar com uma professora chamada Nilza Corrêa. Por favor, coloque o nome dela aí em sua reportagem”, pede à imprensa. “Se você não sabe respirar, você não sabe nada”.

Parceiros no teatro

Muitos já trabalharam com Bibi no teatro, entre eles Marília Pêra, Marco Nanini, Paulo Autran e Adriane Galisteu. Cinema e TV não são suas preferências, Bibi não se considera fotogênica.

Amigo de longa data, nem por isso, Jô Soares fica isento de algumas broncas. Simpática, Bibi se nega, muito claramente, a responder perguntas sobre sua vida pessoal. Mais especificamente sobre ser ciumenta. Diz, muito enfática, “que não, não é ciumenta”. Segundo ela, “Sempre levei tudo de forma muito natural. E sempre levei uma vida serena, sem escândalos, sem loucura”.

Bibi foi casada com Paulo Pontes (1940-76), importante dramaturgo que assinou diversas peças, uma delas, “Gota d’Água, parceria com Chico Buarque. A peça é inspirada na tragédia grega “Medeia” e foi escrita em 1975 especialmente para ser interpretada por Bibi.

Histórias e canções

Bibi Ferreira nasceu Abigail Izquierdo Ferreira. Sua primeira incursão ao palco se deu com 24 dias de vida, em “Manhã de Sol”, para substituir uma boneca desaparecida. Entrou em cena no colo de sua madrinha, a atriz Abigail Maia, muito amiga de seus pais, o ator Procópio Ferreira e a bailarina Aída Izquierdo.

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Ela conta à imprensa que “Vinte e quatro dias não é um número preciso, pois Bibi não tem certeza do dia de seu aniversário. Sua certidão de nascimento registra 10 de junho. Sua mãe dizia que o nascimento foi no dia 1º, e seu pai afirmava que foi no dia 4”.

Muito articulada em cena e extremamente versátil, Bibi vai de histórias iguais a esta até piadas a músicas de Edith Piaf, Noel Rosa, Chico Buarque e de outros compositores brasileiros no espetáculo-show “Bibi – Histórias e Canções”.

E quem acha que a atriz e cantora se reserva apenas ao repertório conhecido de todos nós, a surpresa fica por conta da soberba interpretação da ária “Largo al Factotum” – ópera “O Barbeiro de Sevilha”, que é para tenores.

Com uma orquestra de 21 músicos, Bibi, gloriosa, encanta: “A orquestra abre o show. Depois eu falo umas piadinhas. Digo que no século 17 eu devia ter meus 13, 14 anos, quando me apaixonei perdidamente por Hollywood”.

Nostálgica, Bibi se refere a uma época em que não havia fita cassete nem DVD. Para aprender uma canção, ela ia várias vezes ao cinema, com lápis e papel em punho.

Que época maravilhosa essa, em que éramos não só invadidos pelas imagens mágicas do cinema como também a inspiração, produto do que víamos, ainda era reproduzida com a ajuda de papel e lápis, algo raro nos “dias tecnológicos” de hoje.

E nada morre na competência das mãos e do coração de Bibi. Foi assim que ela anotou “Uma Cascata”, tradução para “By a Waterfall”, sucesso de “Footlight Parade”, filme musical de 1933. A canção é uma das primeiras que ela apresenta no show.

Ela relembra ainda da época de parceria com Elizeth Cardoso (1920-90), cantora que ela dirigiu em três espetáculos diferentes. “Você não dirige alguém do quilate da Elizeth. Apenas ajuda, dizendo coisas do tipo: ‘Não vai entrar com essa calça, com esse cabelo, pelo amor de Deus’”, diz.

Ao ouvir as frases muito bem humoradas e ácidas de Bibi, nunca sabemos como reagir. Oscilamos entre o espanto e o riso solto, vindos, com certeza, da franqueza e sinceridade expressas por uma mulher rara, notável e acima de tudo, invejável.

Mas alguém do quilate de Bibi, com tanta história na bagagem, ainda reage negativamente a ideia de uma biografia. Ela disse à imprensa de São Paulo que quando aparecem com esse assunto, ela foge. Acha que estão colocando cimento no túmulo antes da hora. Diz que ainda tem muito mais histórias por vir.

Essa é Bibi Ferreira!!!

Referências

GUSTAVO FIORATTI (2012). Show celebra os 90 anos de Bibi Ferreira. Disponível Aqui. Acesso em 09/08/2012.

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