Influente no campo das desigualdades em saúde, o professor Sir Michael Marmot tem contribuído amplamente com a pesquisa de alta qualidade e trabalho político. Ele trouxe uma nova abordagem sobre o envelhecimento, mostrando como o curso da vida determina o envelhecimento saudável e principalmente como políticas públicas podem melhorar ou não o bem estar dos idosos e a expectativa de vida.
Redação Portal * Foto: Foto Gustavo Lousada e Leonardo Sá / Agência Porã
No segundo dia do 9º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, congresso da Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco, realizado de 7 a 10 de setembro, o professor Sir Michael Marmot, durante sua conferência sobre o English Longitudinal Study of Ageing – ELSA, maior estudo britânico sobre envelhecimento, falou das desigualdades sociais em saúde que têm determinantes ao longo de toda a vida. Ele está envolvido em vários esforços internacionais de investigação sobre os determinantes sociais da saúde.
Sir Michael Marmot é presidente da Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde, instituído pela Organização Mundial de Saúde em 2005. Em 2000 foi condecorado pela rainha da Inglaterra pelos seus serviços à Epidemiologia e no entendimento às desigualdades na Saúde.
O professor tem contribuído amplamente com a pesquisa de alta qualidade e trabalho político, pois é considerado influente no campo das desigualdades em saúde. Ele trouxe uma nova abordagem sobre o envelhecimento, mostrando como o curso da vida determina o envelhecimento saudável e principalmente como políticas públicas podem melhorar ou não o bem estar dos idosos e a expectativa de vida.
Ele tem incentivado a colaboração do Brasil com a Inglaterra com a comparação de dados, e sobre este assunto, fez uma referência descontraída com a recepção nos Estados Unidos, dos resultados de uma outra pesquisa que mostrou que a saúde dos americanos mais ricos é equivalente à dos mais pobres na Inglaterra.
Elsi-Brasil
O Brasil terá seus dados coletados, já em março do ano que vem, com a implantação do estudo de coorte sobre idosos, que é o ELSI-Brasil, um trabalho financiado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia – Decit, onde será avaliada a saúde de brasileiros de 50 anos ou mais. Sir Michael é considerado o ‘padrinho’ deste estudo brasileiro, pois ele liderou o grupo internacional que incluiu o Brasil neste consórcio.
O Elsi-Brasil é destinado a obter uma compreensão mais profunda dos aspectos físicos, psicológicos, sociais e econômicos do envelhecimento. Os dados da pesquisa são projetados num amplo conjunto de temas relevantes para a compreensão do processo de envelhecimento, que incluem a trajetória de saúde, deficiência e expectativa de vida saudável; os determinantes da situação econômica na velhice; as ligações entre a posição econômica, saúde física, cognição e saúde mental; a natureza e o calendário de aposentadoria e pós-aposentadoria; estrutura familiar, as redes sociais e apoios sociais; assim como as consequências da participação social, cívica e cultural das pessoas.
O Elsi-Brasil vai monitorar a efetividade dos sistemas de saúde para a população mais velha e fazer comparações internacionais.
Sir Michael Marmot comparou dados brasileiros com ingleses e verificou que os brasileiros com 50 anos ou mais de idade com um nível mais alto de escolaridade têm um nível de incapacidade funcional parecido com o dos ingleses de escolaridade mais baixa. Isto quer dizer que os brasileiros com maior escolaridade têm o nível dos ingleses de baixa escolaridade. Em ambos os países existem desigualdades sociais e de renda associadas à capacidade funcional. Verificou ainda que a saúde dos americanos mais ricos é equivalente à dos mais pobres na Inglaterra.
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