As eleições municipais e os desafios da força de trabalho em processo de envelhecimento - Portal do Envelhecimento e Longeviver
Ícone do site Portal do Envelhecimento e Longeviver

As eleições municipais e os desafios da força de trabalho em processo de envelhecimento

banner dizendo a vez da democracia brasileira

xr:d:DAF-v79rLqw:2,j:910147959715507046,t:24030615

Eleições municipais: quais propostas existem para os desafios da força de trabalho em processo de envelhecimento?


Eu me pergunto se, as candidaturas às eleições municipais de 2024 apresentarão propostas aos desafios de uma força de trabalho em processo de envelhecimento? O tema foi abordado recentemente pelo Banco Mundial, fazendo parte de um relatório[1] daquela instituição que foi disponibilizado no início de maio de 2024.

Entre os destaques apresentados no relatório, me chamou atenção o Quadro 1.2., que trata sobre “Os desafios de uma força de trabalho em processo de envelhecimento” na região da América Latina e Caribe. Destaco um trecho:

“A taxa de dependência (porcentagem da população dependente em relação à população ativa) deverá atingir o mínimo em 2027, com base em estimativas do relatório Perspectivas da População Mundial 2022 das Nações Unidas.a Esse ponto de inflexão significa um momento crucial, uma vez que o declínio das taxas de fecundidade e o envelhecimento da população começarão a impor um fardo socioeconômico crescente à população em idade ativa.b A transição demográfica implica que, em 2047, haverá mais idosos dependentes do que crianças na família média”. 

Estamos falando em uma situação socioeconômica já a partir de 2027. Ou seja, estará “no meio” da próxima gestão de governantes municipais, tanto no Poder Executivo, bem como no Poder Legislativo de todos os municípios brasileiros.

É algo que (ainda) me causa espanto (sim, não me canso de esperar por melhorias) a classe política não se aprofundar no debate de formulação de políticas públicas para pessoas idosas quando as estatísticas mostram um crescente aumento populacional neste segmento geracional.

O relatório aponta para três grandes consequências principais deste contexto demográfico: 1) Os impactos no crescimento da produtividade econômica; 2) Os impactos fiscais nos orçamentos públicos da seguridade social, com destaque à previdência social e à saúde pública; 3) Os impactos sociais inerentes ao cuidado de pessoas idosas por parte de pessoas mais jovens, em especial, é claro, das mulheres (a tem quem critique a aposentadoria feminina por tempo proporcionalmente menor do que de homens).

Estas três consequências, combinadas, tendem a produzir fortíssimos impactos, tanto sociais, bem como econômicos. Evidentemente, em áreas urbanas cada vez mais populosas, na América Latina e Caribe, não será de se estranhar os consequentes impactos ambientais e, evidentemente, as consequências a seres humanos (a tragédia recente no Rio Grande do Sul, por exemplo, mostra os impactos ambientais e suas consequências à humanidade, em especial, populações de menor poder aquisitivo que residem em áreas de risco).

Não perca nenhuma notícia!

Receba cada matéria diretamente no seu e-mail assinando a newsletter diária!

Verifique sua caixa de entrada ou a pasta de spam para confirmar sua assinatura.

Se trata de um cenário extremamente sério e, também, preocupante. E que pouco tem sido debatido publicamente. Assim sendo, há necessidade de ampliar o debate político sobre o tema, pressionando pessoas que se interessam em assumir cargos eletivos nos municípios brasileiros para que tais pessoas, de maneira franca, apresentem suas ideias e propostas para o tema.

Enquanto este dia não chega, percebo-me quase que envolto em um roteiro cinematográfico, onde pessoas idosas seguem sendo deixadas de lado, como se fossem uma “mesa de cabeceira”, quase que esquecido no canto da casa, mas que segue incomodando por sua presença… É claro, é só uma impressão errada da minha parte, em um dia de mau humor, onde eu imagino coisas. Até porque, candidatos e candidatas a cargos eletivos são muito zelosos com as políticas públicas para pessoas idosas. Trata-se de um roteiro de ficção.

Entretanto, como em alguns poucos meses pessoas “invadirão” os meios de comunicação para apresentar suas propostas eletivas, desde já fica a reflexão, que um dia poderá se tornar pergunta àquelas candidaturas: nas eleições municipais de 2024, quais suas propostas para os desafios de uma força de trabalho em processo de envelhecimento no Brasil?


Nota
[1] Disponível em: https://openknowledge.worldbank.org/server/api/core/bitstreams/6324516b-b933-40ef-b69b-7dfff4c9f03d/content


Luiz Carlos Betenheuser Júnior

Graduação em Administração (UFPR); pós-graduação/especialização em Gestão Administrativa e Tributária (PUC-PR) e em Administração Pública pela Escola de Administração Pública (EAP / IMAP). É funcionário público municipal, 25 anos de experiência, sendo dois na área administrativa e os outros 23 anos na área financeira. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração Pública, especialmente na área Financeira, na gestão orçamentária (execução, planejamento e controle social). Foi integrante do Conselho Consultivo do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba - IPPUC (2003); do Conselho Municipal de Assistência Social (2013 e 2014); Vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Curitiba (2015) e por duas vezes presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Curitiba (2014 e 2016); integrante do Conselho Municipal de Direitos da Criança e Adolescente de Curitiba (2017). Atualmente é coordenador financeiro da Secretaria Municipal de Administração e de Gestão de Pessoal e da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude.

Sair da versão mobile