Duas recentes reportagens publicadas em julho de 2013 foram selecionadas como base para reflexões sobre esta temida, muito pesquisa, mas ainda pouco conhecida doença.
A reportagem de Elisabeth Zingg, para AFP (Paris) Risco de Alzheimer diminui com adiamento da aposentadoria, publicada no site UOL – Saúde, indica dados de recentes estudos na área, além de apresentar alguns dos mitos, verdades, e verdades parciais a respeito dessa doença.
Segundo a reportagem os estudos realizados em países europeus indicam aumento da população longeva (85 anos e +) que se preparam para elaborar programas específicos contra o Alzheimer, baseados em projeções que sugerem um crescimento significativo de doentes. Essas estimativas apontam para números preocupantes – mais de 10 milhões de pessoas com mais de 65 anos podem sofrer de Alzheimer em 2040 na Europa, contra 6,3 milhões em 2011.
No entanto, um estudo realizado pelo Instituto Francês de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm), com 429.000 pessoas, apresentado durante a Conferência da Associação Internacional do Alzheimer em Boston, aponta uma das estratégias preventivas para retardar o início da doença – adiar a data da aposentadoria.
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Ele concluiu que cada ano adicional de trabalho, após os 60 anos, poderia reduzir “em quase 3% o risco de sofrer desta doença cerebral irreversível, que destrói progressivamente a memória e as habilidades cognitivas”. Afirma Carole Dufouil, que dirigiu o estudo do Inserm, que: “Nossos dados demonstram que uma idade tardia de aposentadoria está associada a uma diminuição altamente significativa do risco de demência”.
Outros estudos já tinham indicado que pessoas com maior escolaridade e/ou que realizavam atividades estimulantes no plano cognitivo, favorecedoras também da manutenção de vínculos sociais, teriam um risco menor de desenvolver o mal de Alzheimer. Afirma a pesquisadora que: “A hipótese levantada com mais frequência é a de que os estímulos (intelectuais) contribuiriam para preservar a reserva cognitiva, atrasando, assim, as consequências clínicas de anomalias cerebrais”.
Muitas pesquisas na área, realizadas em diferentes países e com populações diversas, indicam resultados e tendências não homogêneas, mas buscam compreender, tratar e criar possibilidades de enfretamento da doença, entre os quais retardar seu surgimento.
Entre os muitos exames realizados em pacientes com queixa de “perda de memória” as considerações do próprio idoso, acerca de seus problemas, não têm sido muito valorizadas e, em muitos casos, apenas associadas a reações medicamentosas, depressão, entre outros fatores.
Na reportagem de Pam Belluck, para o jornal New York Times, Demência dá sinais antes do que se pensava, Rebecca Amariglio, neuropsicólogado Hospital Brigham and Women’s em Boston, exemplifica com o caso de um paciente que se queixava de perda de memória, mas foi considerado normal. Sete anos mais tarde ele começou a apresentar sinais de demência, e Amariglio hoje afirma que ele tinha reconhecido uma modificação cognitiva tão sutil “que ele foi o único a identificá-la. Não achávamos válido levar essas queixas em conta”.
Segundo Creighton Phelps, chefe interino do setor de demências do Instituto Nacional do Envelhecimento dos EUA, esses pacientes eram descritos como “os saudáveis preocupados”.
Na quarta conferência da Associação do Alzheimer em Boston foram apresentados estudos que indicam que “pessoas com alguns tipos de preocupação cognitiva têm mais risco de apresentar a patologia de Alzheimer no cérebro e de ter demência”.
Mas, ressaltam que apenas essa queixa não é sinal determinante de demências futuras, e pode estar ligada ao processo normal de envelhecimento, entre outras questões.
Mas o alerta sinaliza a necessidade de avançar nos estudos e “desenvolver exames cognitivos subjetivos padronizados, para identificar pessoas com maior risco quando houver tratamentos disponíveis”.
Roger Siegel, 84, que diz perceber problemas de memória não vistos por seu médico, em sua casa no Arizona (EUA). Foto Joshua Lott/The New York Times
Roger Siegel, 84, paciente do Dr. Richard Caselli, professor de neurologia na Clínica Mayo afirma que notou os problemas há pelo menos cinco anos e diz que hoje se recorda de 30% do que gostaria. Nem sua esposa nem o médico percebem suas dificuldades.
“Sei que minha cabeça está ficando fraca, mas, segundo ele, estou ótimo.”
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Risco de alzheimer diminui com adiamento da aposentadoria, dizem estudos. Por Elisabeth Zingg para AFP (Paris). UOL Notícias-SAÙDE. Publicado em 19/07/2013. Acessado em 19/07/2013. Disponível Aqui
Demência dá sinais antes do que se pensava. PorPam Belluck, para o jornal NEW YORK TIMES, publicado pelo Jornal Folha de São Paulo – caderno Saúde+ciência.. Tradução de Clara Allai. Publicado em 20/07/2013. Acessado em 20/07/2013. Disponível Aqui
Os vilões na demência de Alzheimer.Disponível Aqui
Alzheimer – pesquisas, tratamentos, alternativas… Disponível Aqui