Agente Topo, um espião num lar de idosos

O filme El Agente Topo é uma investigação antropológica que nos remete à questão da exclusão do idoso do cotidiano, retratando comportamentos sociais arraigados em relação ao fim de vida de idosos na América Latina.


Rômulo é um investigador particular que foi contratado por uma cliente para investigar o estado de saúde de sua mãe, pois não tinha tempo para visitá-la em uma casa de repouso e que supostamente estaria sendo roubada e maltratada, ao menos era o que sua mãe lhe dizia ao telefone. Rômulo então contrata um senhor chamado Sergio, viúvo, de 83 anos, que nunca tinha sido detetive na vida. Rômulo o treina para que ele seja um espião dentro da casa de repouso. Para cumprir com tal tarefa a única alternativa que há é ele ir morar no lar de idosos. Mas, inevitavelmente, ele começa a se envolver na vida dos moradores da casa de repouso. Esta é a história do filme chileno El Agente Topo.

Uma vez dentro do asilo, o Agente Topo registra durante três meses o que a princípio parece ser um comportamento irregular. Mas sua câmera está sempre atrasada para captar o material que ele denuncia, não fornecendo nenhuma evidência concreta além da vida corriqueira. Com o passar dos dias, o Agente percebe a solidão dos moradores e se identifica com ela. Ele acha que sua família se esqueceu dele e começa a se sentir como os demais moradores da casa de repouso. Ali ele faz novos amigos, conhece personagens encantadores, mas que se destacam por sua profunda solidão.

Na realidade, o filme aborda a velhice no Chile com muita leveza. A partir do humor cômico dos romances policiais e da desculpa de identificação de supostos comportamentos ilícitos, El Agente Topo é uma investigação antropológica que nos remete à questão da exclusão do idoso do cotidiano, retratando comportamentos sociais arraigados em relação ao fim de vida de idosos na América Latina.

El agente topo

A cineasta Maite Alberdi tem o desafio de retratar um documentário policial, parecendo um filme de ficção tradicional no início, sem o ser. Através da missão do detetive e do agente, o filme retrata uma abordagem narrativa tradicional aparente, mas que se torna um documentário observacional, conduzindo-nos ao ponto de vista íntimo e privilegiado do agente, retratando o que acontece em primeira pessoa dentro de uma instituição de longa permanência para idosos.

O longa-metragem, de Maite Alberdi, diretora dos premiados La Once e Los Niños, aborda uma história verídica amplamente elogiada em Sundance antes da crise de saúde provocada pelo Covid-19. Distribuído pela Indiewire, é candidato forte para entrar no concurso do Oscar 2021.

Maite Alberdi

É formada em Estética, em Comunicação Social e Diretora Audiovisual pela Universidad Católica de Chile. Dirigiu o microdocumentário Carrete Down e o documentário Los Trapecistas, este último premiado em diversos festivais de cinema. Trabalha como crítica de cinema para o site La Fuga. Em 2011, estreou o longa-metragem documentário El Salvavidas, com o qual recebeu prêmios no Chile e nos Estados Unidos. Para seu próximo trabalho, La Once, a diretora gravou os encontros mensais de sua avó com suas ex-colegas de escola por cinco anos, que mantêm essa tradição há 60 anos.

Sua estreia internacional foi no Festival Internacional de Cinema de Amsterdã em 2014 e no Chile chegou aos cinemas um ano depois. Foi reconhecida nos festivais de Guadalajara, Amsterdam, Miami, Cartagena de Indias, Coréia do Sul e Sanfic. Uma coprodução entre Chile, França e Holanda é Los Niños, filme que expõe o cotidiano de um grupo de pessoas com síndrome de Down no Chile que, depois de frequentar a mesma escola por quarenta anos, deve encontrar uma maneira de ganhar a vida como adultos que são.

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O filme trouxe à tona a legislação trabalhista abusiva que existe para pessoas com essa condição, que podem receber, sob a proteção da inclusão, menos do que o salário mínimo se estiverem empregadas em instituição. O documentário estreou no Festival Internacional de Documentários de Amsterdã em 2016 e no Chile em 8 de junho de 2017. Recebeu diversos reconhecimentos, incluindo prêmios na Holanda, Estados Unidos, Espanha e Coreia do Sul. Também em 2016 ela estreou na Suíça Eu não sou daqui, em coautoria com Giedrė Žickytė. O filme é estrelado por Josebe, uma mulher mais velha de Renteria que mora em uma casa com outros adultos mais velhos. Desde 2018 ela é membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

Serviço
El Agente Topo (2020)
Largometraje documental / 90 min. / Digital / Color
Dirigida por Maite Alberdi
Idioma Español
Producida na Alemania, Chile, España, Estados Unidos, Holanda
Rodada no Chile

Aguardamos a chegada do filme por aqui!


Beltrina Côrte

Jornalista, Especialização e Mestrado em Planejamento e Administração do Desenvolvimento Regional, Doutorado e Pós.doc em Ciências da Comunicação pela USP. Estudiosa do Envelhecimento e Longevidade desde 2000. É docente da PUC-SP. Coordena o grupo de pesquisa Longevidade, Envelhecimento e Comunicação, e é pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), ambos da PUC-SP. CEO do Portal do Envelhecimento, Portal Edições e Espaço Longeviver. Integrou o banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Basis/Inep/MEC até 2018. Integra a Rede Latinoamericana de Psicogerontologia (REDIP). E-mail: [email protected]

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Jornalista, Especialização e Mestrado em Planejamento e Administração do Desenvolvimento Regional, Doutorado e Pós.doc em Ciências da Comunicação pela USP. Estudiosa do Envelhecimento e Longevidade desde 2000. É docente da PUC-SP. Coordena o grupo de pesquisa Longevidade, Envelhecimento e Comunicação, e é pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), ambos da PUC-SP. CEO do Portal do Envelhecimento, Portal Edições e Espaço Longeviver. Integrou o banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Basis/Inep/MEC até 2018. Integra a Rede Latinoamericana de Psicogerontologia (REDIP). E-mail: [email protected]

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